Como o sol estava forte e suas pupilas ainda não haviam se acostumado com a recente iluminação, usava uma das mãos para proteger-se minimamente dos raios. E foi nesse momento, entre uma travessia de rua e a sua subida na calçada que Eric, aturdido pelo sol e com uma mão a sua frente tropeçou em uma garota que abaixara-se para fazer algum reparo no salto. Pronto. Tropeço, corrida, falta de equilíbrio, olhos fechados, chão, livros espalhados e uma pessoa ofegante no chão. O barulho citadino ajudava a dar uma trilha sonora para aquela cena.
Essa é só mais uma. Pensou ele. O céu azul acima de sua cabeça o dava uma sensação de paz. Paz essa que foi interrompida com uma enorme quantidade de perguntas vindas dos curiosos que juntaram-se ao seu redor. Quando bem achou que poderia ir embora, lá vinha uma garota, o apontando com um dedo e com os cabelos levemente desgrenhados. Ela era morena, estatura mediana, cabelos curtos, vestida elegantemente e com as bochechas tão vermelhas, que o formato do seu rosto assemelhava-se ainda mais com um coração. Ele pressupôs que a vermelhidão dela era de raiva, e estava certo. A garota lhe jogou um jato daqueles de palavras, e os períodos formados por elas se alternavam entre lições de moral e vontade de manda-lo para o hospício. Enquanto ela o inundava com palavras, ele apenas a olhou admirando sua beleza. Silenciosamente ele andou alguns passos atrás, abaixou-se e pegou os livros da garota que estavam no chão e a entregou, sorrindo. Ela, nocauteada com a gentileza de Eric, apenas se calou e recebeu os livros boquiaberta. Sem tempo para apresentações e beijinhos no rosto, despediram-se e continuaram as suas trajetórias.
Quando Eric sentou na cadeira, abriu um de seus livros logo percebeu algo estranho. Coraçõezinhos, adesivos rosa pink, e a frase escrita com canetas coloridas: Este livro pertence a Linda S.
Mais abaixo uma foto que não o deixou enganar, era a garota brava com quem havia "esbarrado" mais cedo. E ela estudava na mesma universidade que ele, e cursava o mesmo curso, porém ela já no segundo semestre e ele ainda no primeiro. Pensando como destrocaria os livros e como teria coragem de olhar de novo para aquela maluca escabelada e com vontade de tirar os rins dele, a saída mais viável foi deixar o livro com o professor, que pediria o dele em troca, e estava tudo certo.
Durante a Aula desse dia, Eric rabiscou alguns poemas, iniciou alguns contos, riscou seu nome de diversas formas, mas apenas um poeminha ele considerou proveitoso e o destacou de maneira tortuosa de uma folha de papel. Guardou-o e ao fim da aula, conversou com o professor, explicou o incidente e o professor levou o livro para Linda.
Livros destrocados, no dia seguinte Linda abriu o livro e foi conferir se nada havia de errado com ele, e começou a folhear, e... rapidamente um papelzinho branco passou. Percebendo, Linda voltou mais devagar e pegou-o. Era o bendito poeminha que Eric havia escrito na aula. 4 frases, poucas palavras, tudo muito econômico, inclusive a qualidade. Mas quando Linda leu aquele humilde e romantiquinho poema, algo aconteceu com ela: Coração acelerou, sangue pulsou na nuca, artérias dilataram e retraíram em um instante, dopamina, feniletilamina e ocitocina(substâncias responsáveis pela paixão) foram rapidamente ativadas. Linda não sabia, mas inconscientemente já estava apaixonada.
Tu escreve bem, palavras bem colocadas!
ResponderExcluirMuito bom seu blog, abração!
Que bonito!
ResponderExcluirVocê escreve muito bem, sério.
http://www.garotasdizem.com/
Que textos fantásticos :) parabéns!
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