terça-feira, 31 de janeiro de 2012

De você



É tão difícil achar outra parte que complete,
a tão solitária, nossa parte
Mas eu achei você, garota
Estávamos alto quando te achei, 
ou quando nos achamos, não sei
Um susto que era pra ser mortal, 
me fez saltar para uma nova vida
Mas foi somente na noite perfeita, 
no clima perfeito, que ocorreu; 
Encostamos um o coração no outro,
e sem querer fizemos um pacto, 
firmamos inconscientemente um traçado de destinos...
Não vou deixá-la fugir assim.
Quando eu te quis, não quis só você.
Quis todas suas manias, suas raivas, 
seus chamegos, você é isso.
Minha parte solitária agora se acostumou a andar,
nos difíceis caminhos, acompanhada...
somos isso; Cumplicidade. 
Amigos antes do amor, irmãos pela união.
Não esqueça garota... 
não vou deixar você ir assim. 

sábado, 28 de janeiro de 2012

Piscina



O sonho de todas as crianças, e até adultos, é ter uma piscina em casa. O azul característico, a calmaria e a similaridade com um 'pedaço' de mar em casa é um daqueles desejos compartilhados por muitos. Mas a construção de uma piscina não é lá uma das coisas mais fáceis... Exige local, espaço e muitos detalhes para que o resultado seja o esperado. E quando é construída proporciona momentos únicos de felicidade e prazer... Uma piscina é capaz de reunir uma família inteira, de atrair amigos novos, de elevar seu 'status' e até de arrumar um amor, olha só. Se você quer dar um 'up' na sua área de lazer, construa uma piscina... É bonita e ainda traz de brinde amigos e amores.
Mas do que eu tenho medo mesmo, é das personalidades "piscinas". Elas possuem todas as características comuns à uma piscina... São atraentes e divertidas inicialmente, mas com o tempo desgastam e secam. Aquele fato típico de uma piscina: começa o dia cheia e após ser útil no que poderia ser, termina o dia mais seca, quase inútil. Não acaba aí: piscinas trazem bons frutos, mas são demasiadas perigosas. Quem nunca jurou que a piscina era rasa e ao se jogar nela procurou o chão e não achou? Pessoas 'piscinas' têm essa péssima mania também, nos jogamos intensamente nelas e não achamos nada que nos apare: acabamos nos afogando.
Outra coisa que ajuda na semelhança de pessoas e piscinas é a incerteza do que te espera. Experimente saltar em uma piscina no escuro: conhecer pessoas é da mesma forma. Tem aquelas pessoas que são tão similares a uma piscina que possuem até aquele desnível proposital para o exato perfil do utilizador. "Rasinha" para iniciantes, "média" para aqueles traquejados e "profundas" para aqueles que atingiram o nível máximo e são capazes de conhecer elas como são realmente... Múltiplas caras. Ah, e aquelas piscinas artificiais? Da mesma forma que existem piscinas de plástico, que ressecam ao sol, existem pessoas de plástico também. Essas não resistem ao tempo como as outras e acabam ressecando, perdendo o brilho e rachando. Essas piscinas de plástico são, por vezes, forçadas... Têm formas estranhas, volumes estranhos... E acham que são as melhores. Precisa dizer que existem pessoas assim também?
Pessoas, assim como piscinas, encardem, criam lodo, desbotam... O tempo atua de forma mais intensa em quem deixa ele atuar. Existem aquelas piscinas que, de tanto serem usadas, ou não serem usadas, talvez, racharam e perderam suas utilidades... Eu evito ser uma dessas.
Mas as pessoas serem semelhantes à piscinas é aturável... Triste mesmo é quando os amores são semelhantes à piscinas. E olha que, de natureza, amores possuem o mesmo ciclo de uma piscina: surgem, são bonitos, trazem felicidade intensa, chamam a atenção, decaem, racham, perdem a utilidade e em um determinado dia, são enterrados... Ah como é triste enterrar amores, enterrar piscinas. Aquilo que era para ser uma felicidade eterna tem seu fim e após uma difícil e dolorosa decisão, é enterrado, apagado do presente. Piscinas e amores enterrados são felicidades falidas. Não se enganem... Todos temos as características de piscina, todos já tivemos amores semelhantes à piscinas... E um dia, seremos uma felicidade falida também.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

domingo, 15 de janeiro de 2012

A arte


Uma das coisas mais impressionantes que podemos presenciar é a capacidade criadora que o ser humano possui. Ela é tão impressionante que um ser pode criar um mundo só seu e ser feliz sozinho... já que é isso o que basta: sermos felizes para nós mesmos.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Discurso

Entre as muitas coisas importantes que tem acontecido na minha vida ultimamente, terminar o 3º do ensino médio tem total destaque... e esses dias aconteceu a festa de término de curso em que eu fui o orador da turma. Não sei se consegui passar a emoção que eu queria e se ficou bom o suficiente no momento, mas aqui está o discurso na íntegra para quem quiser, relembrar.





(Fotos de alguns da turma, com o máximo de pessoas possível, pra não restar queixa né Brunno? HUISHUSAHI)

Recentemente, ouvi a frase: “Amigos são aqueles que desafiaram a genética para fazer parte da nossa família”. E foi exatamente isso que aconteceu nessa sala. Todos nós passamos um ano muito difícil e ao mesmo tempo muito bom de viver. As únicas coisas que tínhamos eram incertezas: Incerteza se o ENEM seria difícil, se nós íamos passar, se tudo ia acabar bem, se ainda seriamos amigos após longos anos. Todas essas dúvidas resultaram em uma pressão de tamanho inigualável em cima de nós. Usando a física e pegando a fórmula da pressão (P= F/A), descobrimos que se todos nós nos juntássemos a área pra essa força ser aplicada aumentaria muito e, assim, cada vez a pressão diminuiria. Foi assim que fizemos, nos juntamos, e superamos todos juntos essa fase tão complicada de nossa vidas. Consolamos o choro de alguns, e choramos juntos. Comemoramos a vitória dos nossos amigos, mesmo não tendo um bom desempenho nos simulados, e eles comemoraram a nossa superação. Desafiamos literalmente o tempo e a genética e nos tornamos uma família. Família essa que surgiu na 5º série. Na verdade esse “quebra-cabeça” começou a ser montado na 5º série e ainda está sendo montado. No início eram algumas poucas peças, transparentes e sem forma definida. Com o passar do tempo peças avulsas foram chegando, dando cor e forma a esse quebra cabeça que hoje está ai e juntos formamos esse mais perfeito painel da vida. Nessa montagem existe uma pecinha para cada pessoa que tem parte na nossa história, e muitas peças especiais para cada momento que vivemos.
Existe uma peça que é bem tensa e agitada que cheira a infância, e ela representa o primeiro dia de aula. Existe uma peça que tem a imagem de umas mesinhas, uma pequena sala dividida em grupos, no ginásio, e uma primeira feira de ciências juntos. Existe uma peça barulhenta cheia de pré-adolescentes e representa a sexta série, um dos anos mais engraçados. Nessa mesma peça, tem um canto bem reservado que tem uma disputa enorme entre dois grupos da segunda feira de ciências: Cruzadas [versus] Superstição ou sobrenatural. Existe uma pecinha, muito hilária, que tentou ser o Harry Potter e com a ajuda das amigas voou de cabeça tentando atravessar a porta, né Alana? Tem outra peça, que representa a 7º série, com umas cinco garotinhas dançando em cima do balcão da cantina. Ah, existe uma peça enorme e caótica que representa o 9º ano, uma sala, com mais de 40 alunos, que pouco se importavam se tinha alguma responsabilidade a cumprir. Ainda temos muitas peças desse quebra-cabeça com nossas histórias dos 1º, 2º e 3º do ensino médio. Quem não se lembra das aulas com o mestre Matias? E os interclasses? As provas assombrosas de Ari? E aqueles recreios enormes do nosso 2ºano?
 Só o 3º já preencheria um quadro inteiro de tantos momentos especiais. É impossível lembrar do nosso 3ºano e não vir a cabeça os funks e composições de Roberto, Sabrina e Weydna. O mascote eletrônico da sala: o Nitendo DS de Eudório.  A camaradagem de Túlio e Gyrley. A piadas de Rian. Os ataques de Letícia. A proficiência de Ádilla com o data-show. O falatório de Vanessa.  Bruna Girão de Chapéu e protetor solar na aula para se proteger dos raios maléficos das fluorescentes.  
Com o tempo, mais e mais peças chegaram, e hoje estão todas aqui. Mas, espere. Tem uma peça que sempre foi calada, que grita para outra peça muito agitada: Não DÁ! Não DÁ!
 E agora, nesse momento, está sendo colocada mais uma peça nesse painel: nossa tão esperada festa de término de curso. Vale ressaltar que não é a ultima, pois esse quebra cabeça vai está em construção para o resto de nossas vidas, não importa se as peças continuarão a construir essa história separadamente.
Enfim, chegou a hora de ser gente grande. Simulamos a vida e as imprevisíveis emoções durante muitos anos no colégio. Fizemos uma prova que recebe o nome de ENEM e que possui um subtítulo: Ensaiando para a vida. Agora chegou de verdade a hora de sairmos dos ensaios e começarmos o espetáculo. Esse é um momento impar nas nossas vidas, onde a estrada que caminhamos até agora, finalmente chegou ao final e nesse fim, possuem infinitas possibilidades de novos caminhos. E é por isso que é um momento tão difícil e ao mesmo tempo tão bom de ser vivido. É bom pelas inúmeras possibilidades que podemos seguir daqui pra frente e difícil porque temos que fazer escolhas que podem mudar de forma definitiva nossas vidas...  Nós somos muito novos para fazer escolhas tão definitivas... Embora esse momento exija escolhas e atitudes, nós estamos no período que devemos ‘viver’, e só. No meio de nossa adolescência tivemos que estancar o fluxo de liberdade, nos privar de momentos únicos, estudar como loucos e correr contra o tempo para nos garantir um futuro melhor. Não temos uma experiência contável para as escolhas, e o para sempre, é muito tempo. Quem sabe se eu escolhi ser dentista e quando eu tiver maduro, depois de 20 anos de profissão, eu descubra que o que me faz feliz é ser professor de literatura? E se eu trocar os dentes por Camões? Né Ana Remígio? Nós nunca exercemos essa profissão que escolhemos ser no fim do colegial, como sabemos se é isso que eu quero mesmo para o resto da minha vida? Os sábios dizem que a vida é feita de escolhas. Discordo profundamente deles, eu acho que a vida é feita de experimentação. Só vivendo para saber se aquilo é o que queremos ou não. Por isso, a partir de agora devemos acima de tudo viver. Ensaiamos durante longos anos e não podemos passar por essa efêmera existência de forma sutil e apagada. Só temos uma única vida, uma única chance de realizar todos os sonhos, e de mudarmos o mundo para melhor. Temos que fazer valer a pena. Temos que lutar por nossos objetivos, impor metas nas nossas vidas, e superá-las cada vez mais rápido para superar outras metas que virão. Temos a responsabilidade de, daqui para frente, sermos fatores de mudança para um mundo melhor. Temos que viver ‘sedentos’ por vida. Somos jovens... já dizia Renato Russo que temos todo o tempo do mundo. E isso pode até não ser verdade... Mas temos tempo suficiente para viver a vida que desejamos viver. Podemos mudar o contexto que estamos inseridos, podemos inventar nossos sonhos e torna-los realidade. As dificuldades existem para tornar mais deliciosa a vitória. E acreditem... se não foi agora... Deus guarda coisas especiais para todos nós e em um determinado momento, elas aparecerão.
 Antes do fim, devo meus agradecimentos em nome da turma a todos que fizeram parte da nossa trajetória.  A Deus, em primeiro lugar, que permitiu chegarmos até aqui e tornou realidade nossas ideias  e aos nossos pais que sempre fizeram um esforço enorme, deram tudo de si, se esforçaram tanto quanto a gente para nos colocar em um bom colégio, e nos ver felizes e ,por fim, concludentes.
 Ao longo da nossa vida estudantil nós descobrimos que existem professores comuns, mas existem aqueles que são forças que te impulsionam a ir pra frente, que te dão esperanças, que fazem você enxergar muito além do que pode ver. E são esses que merecem o real título de professor. Muito obrigado a todos vocês que contribuíram com nossa formação e nos ajudaram sempre que precisamos. Não posso deixar de agradecer a nossa coordenadora Milena, que sempre soube com muita perspicácia colocar juízo aonde jamais existiu e a guiar duas turmas de vencedores com muita segurança. E também ao nosso professor de redação Zé Lima, por ter tido tanta paciência conosco, ter nos ensinado tanto, em tão pouco tempo e ter feito a gente rir em momentos tão tensos com suas histórias e a coluna do José Simão: Bueemba, Bueemba, macaco Simão urgente! Zé lima fica tão orgulhoso de alunos que tem uma crise de outdoor intensa! Não posso deixar de mencionar professores como Goretti, que esteve sempre nos colocando nos trilhos. Clériston que infelizmente teve que se ausentar, mas voltou para nos chamar de meus amores.  Aurélia que sempre soube dizer as palavras corretas nos momentos corretos. Washington que sempre teve a coragem de soltar o verbo e mostrar a realidade tal e qual como ela é pra gente. Napoleão, Nildim, Júlio e Hélio que nos fizeram ter uma melhor visão de mundo. Eliane, Fabiano, Marcos e o Rômulo que mesmo nos ensinando por pouco tempo foi o suficiente para aumentar nossa bagagem de conhecimento. Os mestres da física: Júnior, Fábio, Vládson, De Assis, Marcelo e Eliúde que quase fizeram milagre. Os feras da matemática: Adriano, Maurício, Wellington, Lenine e Ari (que bom que você veio). Wallace e Estelina, que nos ajudaram até em outro idioma. Ana Remígio e Nádia que implantaram uma mentalidade de universitários em nós. E um muito obrigado ao Padre Pitombeira, que até este ano lecionou e deu ótimas aulas de espanhol para nós. Muito obrigado, novamente a todos esses citados! Vamos carregar para o resto de nossas vidas os bons exemplos de camaradagens e os ensinamentos que vocês nos passaram. Entramos no colégio como crianças e saímos maduros, com muitos exemplos a seguir.
Portanto, para todos os vencedores que assim como eu chegaram até aqui, boa sorte na vida, que sejamos todos bem sucedidos não importa fazendo o quê!  A partir de agora vamos prometer a nós mesmos que vamos fazer tudo da melhor maneira possível, não importa onde seja ou qual profissão estejamos exercendo. Devemos ser o melhor naquilo que vamos fazer.  E que nós não deixemos ninguém, jamais, tirar a nossa vontade de viver e de realizar nossos sonhos!  Obrigado, vocês fizeram parte de minha vida valer a pena.
Para finalizar, trouxe essa frase:

“Você pode desperdiçar sua vida construindo barreiras e fronteiras, ou então você pode viver ultrapassando-as. Mas há algumas que são perigosas demais para serem cruzadas. E aí vai o que eu sei: se você estiver disposto a se arriscar, a vista do outro lado é espetacular”.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Feliz aniversário contemporâneo


O horário já era chegado e os convidados começaram a aparecer. Amigos, familiares e amigos de amigos. A pomposidade da festa, que era pra ser simples, era vista de longe. Era pra ser uma coisinha de nada, "pra não passar em branco", como dizem os mais velhos, mas logo na chegada se via que era impossível ser simples. Tudo em cores róseas, como todas as garotas sonham. O bolo cheio de requinte, com centenas de detalhes feitos à mão davam um luxo à mesa, que junto aos docinhos mais modernos que se pode existir fechavam o visual "básico" e elegante que foi propositalmente pensado para a festa.
A família estava toda reunida. Do mais velho ao mais novo, todos participando da hipocrisia coletiva. Passavam na frente da mesa da aniversariante e olhavam-na, apenas, sem mais para o momento. A mesma família que passara o ano inteiro colhendo os frutos do trabalho dela, dominando-a e controlando-a, agora, fazia um festa para selar com um momento perfeito, a convivência "perfeita" que a família tinha. Os tios que passavam o ano colocando-a nos trilhos que eles construíam e regrando cada ato dela, nas frente dos convidados pareciam ter saído dos sonhos. Tudo se resumia a uma perfeição.
Os outros convidados se resumiam a amigos (os que resistiram a represália da família, claro) e aos ex-namorados, ex-quase-namorados e, quem sabe, futuros namorados, afinal, quando se mergulha no mar negro e intenso dela, é difícil se desprender de algo tão forte. Todos eram sorrisos. A mãe era pouco pra dar a atenção que ela queria dar, tudo para fazer a filha o mais feliz possível. Mal sabia a mãe, que felicidade não é algo pra querer oferecer de uma vez, violentamente, e sim um pouquinho todo dia. Já os convidados nem imaginavam que por trás de tantos sorrisos da menina, havia um rio de lágrimas.
 Ela, a estrela da noite, estava vestida em cetim importado e com um sapato de um salto altíssimo. A menina teve tantos sonhos atropelados, tantos desejos simples violentamente negados, tanto sofrimento imbuído em uma só vida, que aquele momento em que todos paravam e pareciam, ao menos, sentirem-se feliz com a sua medíocre presença fazia uma pontada de alegria, daquelas mais singelas, surgir em seu peito.
Mas foi na hora do famoso parabéns que aconteceu.
Ela estava rodeada por todos no meio da sala, atrás da enorme mesa detalhadamente elaborada para ela e do gigantesco bolo e foi olhando incisivamente nos olhos das pessoas presentes uma a uma, os sorrisos...
E, num lapso, ela teve um 'insight' e o coração deu uma batida muito forte. Um turbilhão de imagens vieram a sua mente de uma só vez. Todos os sofrimentos a que ela foi submetida durante a vida foram estampados bem a frente dela, como se fosse um cinema. Os choros, o trabalho doméstico interminável, as inúmeras proibições estupidas. Os pés dela tremeram brevemente e, nesse momento, a imagem da briga terrível que ela teve com a mãe, dois dias antes do aniversário, vieram a sua mente. A frase dita com todas as palavras: "EU criei você, EU mando em você, e VOCÊ me deve isso!" ecoou na sua mente com um efeito devastador. A pulsação estava frenética e os dedos trêmulos. Mais imagens execráveis foram lembradas: o desprezo que certas pessoas a davam, a ausência do pai, a adoção e desapego da mãe biológica ao dar ela, a sensação de ser inútil, a lembrança dos falsos aniversários anteriores, das inúmeras fotos que a turma de amigos possuía sem ela devido ao cárcere que ela vive.
Uma lágrima foi projetada no seu olho e a deixou com a visão manchada. A lágrima não chegou a escorrer, e nem ela deixaria, iria borrar a maquiagem.
 Depois de duas longas respirações e uma sensação de desorientação, ela começou a sentir percorrer no seu corpo um sangue frio. Aquele mesmo sangue que percorreu ela todos os dias de raiva e choro. Uma sensação prazerosa e estranha a preencheu. Ela já sabia de tudo. Como ela foi burra! Tudo levou-a a essa conclusão antes e só hoje ela percebeu conscientemente o quanto é tola! O corpo dela sabia, mas ela não sabia! Todos sabiam menos ela! Um instinto voraz e enlouquecedor de querer se jogar em todos, rasgar a  caríssima roupa acetinada, partir aquele bolo a pontapés e gritar a percorreu, mas ela controlou-se.
A sensação de alívio continuou a existir no seu corpo e foi nesse momento que ela virou todo o jogo.
Ela percebeu intuitivamente o quanto é forte e batalhadora. A pulsação que antes já estava forte, agora, chegava a uma frequência quase anormal. Meu Deus, como ela aguentou aquilo? Ela percebeu que era mais poderosa do que todas aquelas pessoas juntas. Outro jorro de lembranças vieram, mas dessa vez, dos momentos em que ela superava o trauma. Ela lembrou do momento que estava enxugando as lágrimas em frente ao espelho e passando um lápis nos olhos tão preto quanto o luto que ela estava pela sua adolescência matada, lembrou de quando decidiu se dar uma abraço, sozinha, para ela ajudar a ela mesma a superar tudo, lembrou das inúmeras vezes que ela disse a si mesma: "Não chore, um dia, você vai dar a volta por cima!"
Um estranho poder a percorria e ela quase que podia vê-lo emanando magicamente dos seus membros.
Nesse exato momento, a vela acendeu e a pessoa que esteve tentando acendê-la durante esse intervalo de tempo se afastou para dar espaço a ilustríssima aniversariante e um coro começou com a canção de parabéns.
Algo começou a tremer dentro dela, veio das entranhas, e se propagou como uma risada deliciosamente estérica no ar. Poucos ouviram a maliciosa risada, sob a voz de todos, enquanto cantavam parabéns. Ela sabia o quanto era explorada e o quanto todos eram falsos, mas ela era mais forte do que todos juntos e, agora, ela sabia disso.
Enquanto a canção do parabéns soava cantada pela voz uníssona de todos, ela simplesmente sorria e olhava para as próprias mãos abertas em frente aos olhos percebendo aquela magia saindo de sua pele. Que se danassem as fotos! Nunca ela foi tão feliz em toda a sua apática existência. O brilho nos olhos dela era contagiante. O pensamento fixo em sair definitivamente daquele local e abandonar aquelas pessoas e a certeza de que faria isso, custasse o que custasse a fazia sorrir mais e mais. Toda essa revolução interna merecia ser loucamente comemorada, pensou! E foi ai que ela percebeu que estava em uma festa, ou melhor, na PRÓPRIA festa! Nesse momento ela levantou a cabeça rapidamente, deixando os cabelos lisos volumosamente bonitos e ressaltando bem o batom vermelho, soltou os sorrisos mais sinceros da vida dela para a câmera e comemorou vigorosamente a sua existência por toda a festa.
Para as outras pessoas presentes, aqueles sorrisos e aquela felicidade violenta não passavam de uma "alegria de aniversariante", já pra ela, aquilo era, simplesmente, a porta de entrada oficial para a vida.

Fato à parte: esse foi o ultimo dia que as pessoas presentes viram a aniversariante.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O sabor da inconstância


Gosto do mar. Da inconstância das ondas, dos ventos e do degradê de cores no céu nos diferentes períodos do dia. Tenho em mim o espirito da mudança e acho que até mudar constantemente é perigoso... uma hora as mudanças se tornam constantes e esperadas.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Desquite



Tô deixando pra trás tudo que me atrasa. Todos os sorrisos e atitudes falsas, todos os esteriótipos. Deixo com eles, de brinde, aquelas pessoas que os possui... e se quiser levem, também, as outras pessoas que são "dignas" dessas "qualidades". Aproveite e leve também o politicamente correto hipócrita, a inveja e todos os sentimentos controversos que tem em relação a mim. Não é porque nós, seres humanos, nos acostumamos com certas coisas que devemos passar o resto da vida com elas. Chega uma hora que até o dono do circo não o atura mais e a palhaçada encontra o seu fim. E digo mais, aquilo que nos faz mal não faz falta, proporciona alívio. Perdoo aqueles que sabem que o fizeram comigo. Só peço que, simplesmente, não tentem voltar atrás... eu não mereço. Não gosto de arrependimento. Faço tudo para não o sentir e ,de vem em vez, quando ele aparece o dou a atenção necessária e faço o possível para esquece-lo. Portanto, sinta-se livre da gaiola. Não me deve absolutamente nada... mas por favor... não esqueça de levar o que eu pedi.