A coceira no ouvido atormentava. Pegou o molho de chaves, enfiou a mais fininha na cavidade. Coçou de leve o pavilhão, depois afundou no orifício encerado. E rodou, virou a pontinha da chave em beatitude, à procura dequele ponto exato em que cessaria a coceira. Até que, traque, ouviu o leve estalo e, a chave enfim no seu encaixe, percebeu que a cabeça lentamente se abria. COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgado. Rio de Janeiro: Rocco, 1986, p. 11. |