sábado, 31 de dezembro de 2011

2011, Sonhador-Esperançoso-Autônomo



Desde a antiguidade sabe-se, tudo tem um preço. Nada, realmente, vem de graça e só quem conseguiu algo sabe o que foi necessário ou não para o fazer. Esse ano de 2011, graças a Deus, se tornou um 'divisor de águas'. Foi tudo diferente de todos os outros anos que eu presenciei. Sabe quando desde a virada do ano é diferente e como se fosse um efeito dominó, tudo ficou diferenciado.
Mas ai é onde está a magia... as coisas aconteceram e eu ajudei a acontecer. Foi tudo diferente porque eu estava diferente, porque eu pensei diferente, porque eu andei milhas e milhas na frente de tantos outros. Esse ano foi o ano mais 'vivido' da minha vida.... vivi ele tanto de dia, quanto a noite... e eram nessas noites que eu  buscava forças, não sei de onde, para persistir. O sono, o maior vilão de todos os estudantes... quantas vezes ele me deixou bêbado, enfurecido, estúpido... quantas vezes desejei ter a maior insônia do mundo por um mês, quem sabe, só para poder cumprir com meus objetivos... mas de uma coisa eu sei : o sono não deu trégua. Não sei como arranjei uma maneira de conciliar o sono com minha necessidade de ficar acordado e, assim, sonhei acordado dias e dias.
Enfim, me esforcei, lutei tanto para pelo menos extinguir minhas dificuldades... no fundo, a minha maior dificuldade eu já tinha superado e ela era a minha descrença em mim. Criei o meu próprio mundo. Me acostumei a viver só, a conversar só, a brigar só... a ficar triste só e a me reconstruir só. O meu egocentrismo teve de ser estimulado como se fosse uma item básico de sobrevivência. O meu altruísmo teve de ser massacrado em alguns momentos e tive que saber ver as coisas e mesmo assim continuar. Se eu dissesse que esse ano foi fácil, eu estaria mentindo, mas se eu dissesse que ele foi ruim, eu estaria mentindo desesperadamente... talvez foi o ano mais delicioso... eu vi nele uma porta, uma entrada, uma potencialidade em mudar algo... e entrei nesse portal... realmente mudou... logo na entrada desse portal conheci pessoas maravilhosas que me ensinaram muito! Todos os dias se tornaram um aprendizado de vida constante... aprendi, sozinho, a ser sensato, a ensinar o pouco que sabia, amigo e aprendi a ter uma relação mutualística com algumas pessoas.
Aprendi o valor. Antes, não tinha ideia do valor que certas coisas possuem, o valor e o peso dos sonhos... nesses eu fiz mestrado! Descobri o ponto de ebulição, calor específico, densidade... tudo dos sonhos. Descobri onde era a rachadura de cada um deles e conheci a parte fixa que eu podia me apoiar sempre que fosse preciso. Ajudei a construir sonhos e a realizá-los... ai está outra magia desse ano que passou.
Aprendi que existe um segredo para se conseguir qualquer coisa em nossa vida... e esse segredo é composto por três pontos: esforço, persistência e esperança. Esses foram a minha bagagem esse ano. Eu digo uma coisa a vocês: não há nada melhor do que lutar, você mesmo, pelos seus sonhos! É, no mínimo, contagiante. Agora o ano já está acabando... juro que cheguei a pensar que demoraria décadas, mas devido à falta de tempo, ele simplesmente passou e agora só restam as lembranças. E ai está mais um exemplo de como esse ano foi 'deliciosamente vivido'.
Agora que a poeira já baixou e saiu o primeiro resultado oficial de meus esforços digo uma coisa a vocês... eu consegui. Mas digo também que não veio de graça. Eu não passei o ano sentado esperando que a aprovação no vestibular viesse e sentasse ao meu lado... como eu disse lá em cima, só eu sei o que passei para conseguir isso. Ninguém tem o direito de achar de mais para mim. Ninguém tem o direito de achar seus resultados pequenos diante dos de ninguém! Não precisei que ninguém depositasse créditos em mim, não precisei de nenhuma propaganda e de nenhum achismo para dizer que eu passaria, que eu passarei, que eu passarinho. Foi difícil, assumo, não ter os esforços reconhecidos em determinados momentos... mas na minha profissão adquirida ao longo desse ano Sonhador-Esperançoso-Autônomo isso ai é só mais um dos ofícios que eu tinha. Talvez o mais próximos imaginem que não foi de graça, mas, repito, ninguém além de mim sabe a quantia de forças que tive que buscar, da quantia de vezes que disse a mim mesmo "você consegue cara! VOCÊ é capaz!"
Peço enormes desculpas as pessoas que me afastei despretensiosamente. Essa é só mais uma consequência da profissão de Sonhador-Esperançoso-Autônomo e sei que não podemos recuperar o tempo perdido... e que algumas cicatrizes ficarão pra sempre... mas sempre podemos fazer um novo final... ainda temos todo o tempo do mundo, podemos vivê-lo com sede de vida e se toparem, viveremos. Essa foi mais uma grande dificuldade...  a distância... o afastamento... a mudança de ideais... Quero dizer também que não os abandonei no caminho... vocês sempre estiveram bem vivos dentro de mim... e foi isso que me fez continuar, muitas vezes.
Enfim, agora vou tirar o meu cronograma da parede e bater a poeira pesada que ainda resta no meu quarto. Até a poeira do 3º ano é pesada. Para muitos isso não significa nada... mas é muito estranho você 'derrubar' seu mundo adaptado a você que você construiu para superar as dificuldades. Dá uma sensação de desnorteamento... é estranho. Mas muitas das características do Sonhador-Esperançoso-Autônomo ficarão em mim e seguirei meu caminho... já andei até aqui e daqui para frente já sei a receita, basta fazê-la. Já disse a alguns e digo novamente... se nada tivesse dado certo... já estaria 'feliz'... as mudanças aconteceram e a maior aconteceu dentro de mim... sei até onde vou... sei o que sou capaz de fazer para realizar algo... sei o ponto em que a persistência acaba e o cansaço prevalece. Agora só tenho a agradecer a todos que fizeram parte dessa trajetória... vocês foram meu combustível... muito obrigado! E quem fez parte disso, sabe... Obrigado 2011 você foi engrandecedor! Agora vamos plantar nossas sementes de esperança... vamos emitir coisas boas... vamos expulsar amor de dentro de nós..  vamos ter esperança em 2012!
Bem vindo 2012, que você seja tão engrandecedor e ótimo como 2011! Pensamento positivo! Feliz ano novo... que a felicidade desse momento se estenda por todo o ano que se aproxima... e vivamos ele sedentos por felicidade! Happy new year!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Conto de réveillon - PARTE 2

Aqui vai a segunda parte do conto... mas, hoje vai ser um pouco diferente. Vamos testar uma nova maneira de ler, certo, pessoal? Vamos fazer uma leitura cruzada com uma música. Primeiramente peço a todos que botem a música Charlie Brown - Coldplay(no player ai abaixo) para carregar. POR FAVOR NÃO ESCUTEM A MÚSICA ANTES DE VEEM O SINAL DE PLAY NO MEIO DO TEXTO, COLOQUEM APENAS PARA CARREGAR. Aconselho vocês a utilizarem fones de ouvido e colocarem em um volume que não prejudique a leitura(para o caso dos mais desconcentrados). Vai funcionar assim: no meio do texto haverá um sinal em vermelho para vocês darem play na música e vocês continuam lendo e imaginando o conto da mesma forma, sem pressa! Quero ver a capacidade criadora que vocês possuem! Aconselho, também, reler o ultimo parágrafo da parte 1 para "sintonizar" a leitura(enquanto carrega, quem sabe?). Espero muito que vocês realmente façam essa leitura cruzada e que dê certo como deu comigo. NÃO COMECEM A LER SEM A MÚSICA. Comentem se deu certo e o que acharam! Ai vai o texto!



- Ah, é a primeira vez que a borboletinha sai do casulo, né?
Balbuciou um dos mal feitores... Mas ele se arrependeu muito depois que levou um ponta pé daqueles de Hargne. Andaram em fileira arrodeando todo o quarteirão que componha a casa de Ravi... E este... Parecia uma criança indo a primeira vez ao parque de diversões... Fascinado por tudo... Por gente... Por árvores... 
E como combinado pegaram um ônibus que os levaria para outro ponto de ônibus que, esse sim, os levaria ao litoral. 2 horas de viagem, aproximadamente.
A sensação que Ravi sentia era única... Um misto de euforia, medo e incerteza. Até entrar no primeiro ônibus ficou pensando seriamente em desistir do maquiavélico plano... E já dentro do veículo, chegou a se levantar do banco para pedir ao motorista para parar... Mas Hargne o impediu. O coração de Ravi batia aceleradamente... O medo do famigerado perigo que os pais tanto falavam... As pupilas dele dançavam com a variação de luzes e de sentimentos... Ele podia sentir a pulsação forte na nuca, como se estivesse caindo... Era forte demais. 
Quando desceu do primeiro ônibus e se encaminhava para o segundo, literalmente alienado, viu uma parte do que os pais haviam alertado: mendigos bêbados na rua, alguns consumindo substâncias ilícitas... E ele ficou absorto diante de tanto perigo ali, bem na frente dele. Não perderam o ônibus devido à astúcia de Hargne que o puxou pelo braço com tanta força que o fez saltar de uma vez no veículo. Os primeiros 20 minutos no novo ônibus foram os piores da vida dele... Fora o nervosismo de estar saindo de casa, fugido, pela primeira vez... ele enjoou o movimento... e vomitou umas 3 vezes... mas depois relaxou e passou a sentir aquele vento inebriante que entrava pela janela... no cabelo... no rosto... dentro da camisa... Meu Deus, como era bom ser livre! Aquelas paredes que tanto o reprimiram, agora, se esfacelavam em um vento delicioso... Sorriu desesperadamente o resto do percurso... cuspiu na janela para ver a saliva correr... balançou o cabelo loucamente no vento para senti-lo percorrer as entranhas do couro cabeludo... enfim, viajou minimamente pela primeira vez em sensações reais.
O ônibus os deixou a alguns quilômetros do litoral e eles demoraram longas horas a pé no percurso que dava acesso à praia. Quando chegaram, uma multidão eufórica já vibrava o ano novo que estava distante apenas alguns minutos e Ravi ficou bastante apavorado com aquela multidão vibrante e branca que estava ali... Principalmente quando lembrava das caras de pavor que os pais dele faziam ao falar sobre aquele ambiente. O coração estava batendo forte e o instinto de fuga dele estava bem próximo de ser ativado ao máximo... Ele quis desistir de penetrar naquela multidão que tanto o apavorava, mas uma das coisas mais apreciáveis em um humano é a capacidade de persistir nas atitudes que toma e foi exatamente isso que ele fez.
PLAY NA MÚSICA.
Quando chegou e andou alguns poucos metros na areia, um estalo enorme veio do mar e um brilho alucinógeno preencheu o céu escuro. A multidão eufórica gritou em uníssono e levantou os braços saudando positivamente o novo ano que estava entrando. Ravi ficou tão impressionado com aquela intensidade que se perdeu da turma.
Mas foi exatamente ai que ele se achou.
Os fogos de artifício continuaram emergindo do mar em um sincronismo perfeito e aquele calor humano com um tsunami de energias positivas deixou Ravi sem chão. Nunca ele havia sentido algo tão forte... Ouviu mais um chiado e olhou para o céu e um colorido exuberante preencheu o céu de ponta a ponta. Como num insight, ele simplesmente se achou dentro de si... Aquele menininho frágil e excêntrico deu lugar a homem em êxtase... Poderoso... Grande... Forte... A pulsação dentro dele era violentíssima... Literalmente ele estava explodindo por dentro. Aquelas cores psicodélicas o faziam viajar e por mais que ele quisesse ver tudo, aquilo era tão intenso que os olhos dele não conseguiam dar conta, a capacidade visual dele era reduzida diante de tanta luz. Ficou absorto e sentou na areia. Deitou-se. Ficou admirando os fogos pelas frechas dos braços das pessoas que, ao contrário do que os pais falavam, estavam celebrando a vida sem preocuparem-se em mata-lo. Meu Deus sentir e ver aquilo era incomparável às sensações que ele tinha vendo a patética TV caríssima da sala de sua casa.  Aquilo era tão forte e tão novo que por alguns segundos ele passou a se desconhecer. Sabe... Aquelas amarras sociais que tanto o prenderam e o forçaram a ser um rapaz íntegro e direito foram explodidas coloridamente... Agora ele era livre por dentro e por fora e, agora, ele já sabia o que era sentir.
Ele só queria pular e celebrar a vida que ele não tinha vivido até aquele momento. Ele estava pouco se importando com as roupas, com o cabelo, com o que os outros iriam achar daquele louco faminto por vida.
Nesse momento um grupo de pessoas avançou em cima dele e ele quis correr desesperadamente... Mas as pessoas não deixaram, caíram com força em cima dele na areia e derramaram champanha em seus cabelos... Ravi jurava que as pessoas iam, por fim, mata-lo e fazerem com ele o que os pais tanto temiam, mas isso não aconteceu... O que as pessoas queriam, realmente, era saudar o novo ano com ele...
As pessoas caídas na areia se entreolharam, Ravi ainda em pânico, e gritaram e soltaram grandes gargalhadas...
-Feliz ano novo, cara estranho!
Falou um dos rapazes que estava com uma taça na mão.
- Èh! Feliz ano novo, carinha!
Disse uma moça super simpática que estava ao lado de Ravi.
Os outros, que também caíram, desejaram calorosamente feliz ano novo a ele e sentados na areia deram um forte abraço em grupo nele. Nunca em toda a sua existência Ravi recebeu um abraço tão intenso físico e psicologicamente, nem do seu pai, nem de sua mãe... Aquela cumplicidade desconhecida o fez compreender uma coisa na vida: por mais que existam centenas de pessoas medíocres, ainda há aquelas que valem a pena conhecer e é exatamente por essas pessoas que a nossa vida vale a pena.
Os fogos continuavam, intensamente, colorindo e preenchendo de forma sobrenatural aquela escuridão. O brilho dos fogos na água do mar duplicava a sensação alucinógena e Ravi agora pulava e vibrava saudando o ano novo bebendo enormes goles de champanha ao lado dos novos amigos e de Hargne e sua trupe que quase no fim do show pirotécnico encontraram o novo Ravi.
Depois dos fogos, Ravi ainda com o coração ritmado com os fogos, sentaram-se todos na areia e partilharam a comida que trouxeram. A comida não tinha nada de mais e não era muita... Biscoitos industrializados e refrigerantes quentes... mas era exatamente do que Ravi precisava e, talvez, o fez mais feliz do que qualquer outra coisa. A sublimidade do momento foi de grande preponderância e serviu de exemplo para o resto da vida daquele garoto... Ele aprendeu que não há dinheiro que pague momentos intensos vividos.
Quando os primeiros raios solares apareceram no horizonte róseo, e um menino da trupe começou a tocar violão, Hargne sentou perto de Ravi e o interrogou sobre a noite... por fim, sonolenta, deitou-se no ombro dele e já as sete da manhã faíscas saltaram da areia e um beijo surgiu entre eles. A flor, finalmente, foi capaz de brotar no asfalto... surgia uma paixão no coração do garoto. Ai vai outra lição para nós, leitores. Não podemos viver achando que só somos felizes por causa do amor... não adianta vivermos a nossa vida angustiados devido ao amor frustrado, problemático ou sei lá o que. Só encontramos o amor em sua essência quando estamos verdadeiramente felizes. O amor é, primeiramente, decorrência da felicidade.

 Não gosto muito da expressão “nasceu de novo”... Mas usando-a corretamente, podemos dizer que nesse dia nasceu um novo Ravi.

Feliz 2012 pessoal! 




segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Conto de réveillon - PARTE 1

Olá pessoal, como prometido, aqui está a primeira parte do conto de réveillon. Amanhã postarei a segunda e última parte. Espero que gostem.



Ravi era um daqueles caras que os pais protegem de tudo, inclusive do mundo. Estudava dois horários letivos e fazia as atividades à noite. Usava óculos e possuía uma postura de uma ave dentro de um ovo. Viciado em sensações digitais já que as sensações propriamente ditas não podiam ser sentidas porque os pais diziam que o mundo lá fora era perigoso demais para um menino como ele. Conhecia a linguagem HTML muito bem, mas a linguagem do amor... essa ele nunca ouviu falar. Sua pele era branquíssima devido à ausência total de contato com raios solares e seu rosto cheio de acne se preenchia, agora, com pelos. O visual desgrenhado, com excesso de cabelos, ressaltava a falta de preparo daquele menino em se tornar homem. Os pais o davam tudo que queria, dos mais caros vídeo games a enormes televisões, e se gabavam da pouca necessidade que o filho tinha de sair de casa, afinal, ele tinha tudo. No colégio era tão só quanto em casa. Não se dava bem com ninguém, nem mesmo os outros nerds. Diálogo só em trabalho em grupo e com o diretor ou os professores devido aos constantes ataques de bullying sofridos por ele. Ganhou o apelido de esquisitão em todas as salas que estudou, fora os outros apelidos que não devem nem ser mencionados aqui.
Queima de fogos, só via na televisão, em High Definition de uns tempos pra cá, mesmo morando a poucos quilômetros do litoral(onde havia, todos os anos, um dos maiores shows pirotécnicos do país). Funcionava assim: sentavam-se ele, o pai e a mãe no enorme sofá da enorme sala, ainda decorada com enfeites natalinos, e ficavam apreensivos esperando o horário em que o ano presente passava a ser passado e seu pai tomava  algumas doses de Whisky e outras bebidas caras. Acabados os 20 sonolentos minutos de show pirotécnico iam cada um pros seus devidos quartos e dormiam, já no dia 1 de janeiro. Foi exatamente assim que aconteceu nos 15 anos de existência dele. Quando interrogava os pais sobre o porquê de não sair de casa em uma data tão especial, respondiam que, geralmente, dava um grande público nesses eventos, eram muito violentos, existia um grande tráfico de substâncias ilícitas, e a probabilidade de irem vivos assistirem a tal evento e voltarem mortos era quase que 100%.
Mas era com Hargne e sua trupe de mal feitores que ele realmente se divertia. Hargne era uma menina magricela, ruiva, sardenta e de estilo estranho(sempre com um boné na cabeça) que comandava uma trupe de meninos "mal feitores" e roubavam para se alimentarem e alimentarem os outros moradores de rua. Quase toda noite ela escalava um muro de dois metros e meio, superava com maestria a cerca elétrica e se enfurnava no quarto de Ravi (não entrava pela porta da frente porque os pais dele proibiram o contato com esse tipo de gente estranha). Era nesse ambiente que Hargne fazia a sua principal refeição diária e, muitas vezes, conseguia o sustento de muitas outras pessoas... mas esse não era o único motivo dela ir até esse local... ele também era o lugar mais divertido do mundo e tinha tudo que qualquer criança ou adolescente sonha...
Faltando uma semana para o dia 31 de dezembro Hargne apresentou a Ravi o plano. Era ousado demais, mas todos os anos ela e a sua trupe iam até o litoral assistirem ao show pirotécnico... só que esse ano tinha uma diferença... ela queria levar Ravi. Ele de início recusou com rispidez, mas depois, quando a ideia finalmente germinou, nasceu, cresceu e virou uma enorme árvore em seu cérebro... ele aceitou... só não sabia como o faria. Tudo combinado! Mochila repleta de alimentos, bolso sortido de dinheiro... Ravi se sentia um aventureiro, de primeira viagem, claro... mas, aventureiro, ainda assim... Logo na saída ele foi motivo de chacota para a turma por não conseguir pular da varanda para a parte do muro onde a cerca elétrica era mais baixa... devido a isso teve que se arriscar e ir até a cozinha desligar a cerca elétrica para poder passar em um local onde ela era mais alta, porém, mais perto da varanda do seu quarto.
Foi no dia 31 de dezembro, ao entardecer, no intervalo em que a mãe dele chegava do cabeleireiro e o pai do serviço, que ele ultrapassou, pela primeira vez sem os pais, a porta da caverna. O jorro de adrenalina era tão grande que ele jurava que ia morrer. Depois que quase morreu de verdade ao pular o muro, olhou para Hargne que sorria simpaticamente para ele e balançou a cabeça como sinal de que tudo estava bem e ele a seguiria, como tinha prometido. A barulhenta turma se calou quando a ruivinha levantou a voz e ordenou que todos tomassem o máximo de cuidado em Ravi, já que essa era a primeira que fazia algo do tipo.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Considerações,

(Foto retirada do blog Plebeia do Século XXI)

Embora não tenha passado para desejar um feliz natal para vocês, que isso fique subentendido, beleza? Esse é o momento da gente reabastecer nossos tanques com coisas boas e bons pensamentos para a gente gastar ao longo do ano. Desejo de verdade que toda essa 'magia' que o natal possui não se prenda somente a esse momento, mas ao longo de todo esse maravilhoso ano que virá.
Estou preparando um conto para saudar o ano que se aproxima. Devido ao tamanho do conto ele será divido em duas partes e uma parte será postada amanhã e outra, claro, depois de amanhã. O conto é bem bobinho, não esperem nada de mais, mas eu espero de verdade que divirta vocês e seja recompensador.

Não posso deixar de agradecer a vocês que leem e até divulgam o blog nas redes sociais!  É muito recompensador, muito obrigado! :D

Feliz natal e um ano novo estupendo [eu sei que esse adjetivo é doido, mas serviu para o que eu queria]

P.S: acompanhem o conto ;)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Instantaneidade


Existem aquelas pessoas que se conectam a gente de forma gradual... mas existem aquelas que passamos meses sem trocar uma palavra e num lapso acessam e mergulham naquela parte mais profunda que existe em nós.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Empatia



Existem muitos tipos de distância... a psicológica é, talvez, uma das piores.
Mas quando ambas as partes ajudam, e se encontram, ai você entende porque vale a pena superar algo tão difícil.

sábado, 12 de novembro de 2011

Espectroscopia



Sempre imaginei que felicidade era um momento bem forte e inesquecível. Com o tempo descobri que a felicidade possui várias formas alotrópicas. E me pergunto: Felicidade é algo que sentimos um pouco todo dia, ou sentimos ela toda de uma vez? Viajei. Fui mais fundo. Perfurei as entranhas da grande pedra que tapava e visão.
Sempre nos pegamos avaliando como éramos felizes e agora não somos mais. Fato é que a felicidade é comparativa. Ser feliz é relembrar o passado, avaliar ele com outros olhos e ter a certeza de que ele não volta mais. Somos pessoas diferentes a cada dia, e temos pensamentos e problemas novos a cada dia. Sempre consideramos um momento anterior feliz porque já o superamos, já passamos por aquele problema. Mas e se a gente passasse a saber que estamos sendo felizes nesse momento? O que realmente mudaria? E se sempre consideramos um momento anterior de nossas vidas mais feliz do que um posterior, que dizer que andamos para um caminho sem felicidade? 
Já fui feliz. Essa é a frase dita por quem tenta ser feliz da mesma forma, sempre. Nunca uma felicidade é igual a outra. Já me peguei tentando ser feliz, imitando uma felicidade que já senti. Consegui? Não. Cheguei a mais uma conclusão sobre a felicidade: ela está no imprevisível. Talvez a melhor festa que já presenciamos foi uma em que todos decidiram ir de ultima hora. Se tentarmos ser felizes agindo como agimos anteriormente, não estaremos sendo felizes, estaremos sendo enganados pela felicidade. Ah, e a felicidade engana? Quem nunca se sentiu estupidamente feliz e ao cessar o fluxo de alegria se sentiu extremamente desprezível? Você foi feliz despercebidamente. Ela te passou a perna, te enganou, e deixou você mais triste com a partida dela, do que quando você não a tinha.
Por isso as perguntas: O que realmente te faz feliz? Você espera sua felicidade forte e toda de uma vez, ou prefere deliciá-la um pouco todos os dias? Seja maestro da sua felicidade. Delicie um pouco de sua felicidade todos os dias e se permita ser feliz, se considere feliz.O segredo está em saber ser feliz e guiar a sua felicidade. Torne a sua vida uma felicidade progressiva. Saiba avaliar os bons momentos anteriores, mas avalie os futuros com mais gosto, eles ainda virão.
Veja a felicidade como uma bolha que está sempre ao seu lado, mas apenas quando você descobre o segredo passa a estourá-la e encher seu ambiente com a felicidade que estava contida dentro dela.  Sinta o cheiro e o gosto dela. Deguste. Permita-se ser feliz sendo feliz. Afinal, passamos muito tempo de nossas vidas sendo felizes para os outros, mesmo sabendo que só precisamos, minimamente, sermos felizes para nós mesmos. Enfim,

créditos especiais a minha amiga Débora, que sempre aceita dar esses mergulhos no incomum e acabou rendendo devaneios suficientes para um post nesse blog. 

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Você está tão sério



Ultimamente fui perguntado por que estava tão sério. Não respondi, sorri apenas. Achei que sorrir seria a melhor maneira de deixar de ser sério para uma pessoa que estava me perguntando porque eu estava tão sério. Depois, sozinho, refleti.
Cheguei à conclusão de que o que realmente havia, era um grande débito com o verbo viver.

sábado, 8 de outubro de 2011

Shopping center interiorano


Infelizmente nos dias atuais, o termo bodega é usado como sinônimo de bagunça, mas quem já se viu isso? Na minha infância não tão distante, bodega era quase o mesmo que Shopping center. Lembro-me muito bem de uma que no início era perto da minha casa, e depois com o aumento das transações foi transferida para um novo local maior, distante um quarteirão. Como era mágico aquele local. Tinha tons opacos e amarronzados devido o tamanho e a pouca luminosidade, mas era  um mundo de possibilidades para um pivete.
No lado direito tinha uma grande armação de ferro em que eram colocados canos plásticos de construção, e um monte de troços, um mais interessante do que o outro. Na parte de trás do ambiente ficavam os parafusos e peças para bicicletas (eu adorava essa parte), atrás do enorme balcão estavam os alimentos, produtos de higiene e tal, e em cima do balcão que ia da porta de entrada a parede do fundo, paralelo as paredes laterais, ficava a maravilhosa bomboniere em formato circular, com vários andares rotatórios, cada um segmentado em cinco partes menores, onde eram armazenados os infinitos tipos de bombons e chocolates.
A melhor parte do dia era ao anoitecer, quando meu pai ia lá e eu o acompanhava, sempre para aperrear por algo, como ele dizia. Eu adorava as ligas de baladeira, não sei porque, pois nunca fui capaz de tirar a vida de um passarinho, ou melhor nunca tive mira o bastante para isso, mas as ligas de baladeira eram legais demais. Outra coisa que eu gostava eram tortuguitas! Como era legal amputar os membros deliciosos de chocolate daquela tartaruguinha deformada! haha. E o big-big a 5 centavos? e os bombons de caramelo? ótimo! Não sei como não adquiri uma "glicosite" de tanto doce que eu comia.
 Lembro-me de uma vez que eu "endoidei" por um chuveiro. Na minha casa tinha chuveiro, eu o usava todos os dias, mas eu queria um pra colocar no quintal e tomar banho. Não sei o que diabos me chamou a atenção naquele chuveiro. Foram dias pedindo a meu pai aquele chuveiro, pedi, pedi, pedi até que um dia ele cedeu. Cheguei em casa com esse chuveiro de plástico branco, enorme, e coloquei junto aos meus brinquedos. Nunca ele saiu de lá, nunca foi instalado, e nunca tive meu resort particular montado no quintal... mas sempre que olhava para ele, me sentia realizado!
Outra vez vi um pente fino (que se usa pra catar piolho) de uma cor verde muito fluorescente, e fiz um rápido cálculo mental, de que se meus colegas tinham piolhos, e piolho "pegava", então eu tinha piolhos na cabeça também! Pronto, era o que faltava, pedi a meu pai, pedi, pedi, até que depois que ele me fez dizer que eu tinha piolhos na cabeça pra todos na bodega ouvirem , ele me deu o bendito pente (na verdade ele duvidou que eu dissesse, mas como eu tava doido pelo infeliz do pente, foi o jeito dizer). Nunca achei um maldito piolho na minha cabeça para pelo menos dizer que o troço serviu pra algo. 
Hoje, com o avanço dos "mercadinhos" o negócio está um pouco em decadência. O dono já não tem mais a mesma agilidade que outrora tivera, e o conservadorismo o estagnou no tempo, sem evoluir nem regredir.
Mas toda vez que visito o local bate aquela nostalgia quando vejo o papel de embrulho com cálculos feitos à caneta(que me fascinavam com a rapidez que eram feitos pelos vendedores), e a desbotada e antiga bomboniere em cima do balcão. Enfim, boas lembranças do meu shopping center interiorano. hahá.


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Calçamento na comunidade



Já é comum, no interior do Ceará, quando uma pessoa aparece com muitos produtos iguais e possuidores de certo valor, as pessoas perguntarem: aonde foi que o caminhão virou pra você pegar isso?

 Dia 6 de setembro, véspera da comemoração da independência brasileira que nunca houve. Por volta das 18:40, escutou-se um estrondo. Como a comunidade distribuía-se ao longo da rodovia, praticamente todos ouviram. Um grupo de curiosos saiu a calçada para ver o havia ocorrido. Outro casal aqui, uns velhotes acolá, e foi então que veio a notícia: Um caminhão tombou na curva. Foi o bastante. Enquanto 3 rapazes já haviam chegado ao local, uma multidão de pessoas se dirigiam para lá como se fossem os fervorosos fiéis que vão à Meca. Um dos rapazes "resgatou" o motorista enquanto os outros dois davam uma ajudinha às leis de Newton para terminar de abrir um furo na lataria do caminhão. Veio o susto. O caminhão estava carregado de calçados de marcas renomadas! Se você já havia imaginado gente nesse local na comparação anterior à Meca, multiplique esse número de pessoas por 100. Todos queriam levar pares de sapatos para casa. Chegaram motos, bicicletas, carroças, e por mais incrível que pareça, até o carro da funerária que passava por esse local nesse instante, com um defunto dentro, serviu para levar os produtos. Caixas e mais caixas de sapatos foram saqueadas. Outro susto. Havia camisas de grandes times brasileiros e oficiais! Mais uma dezena de pessoas chegaram no local. E por fim, a conclusão final: Haviam mochilas de marca também. As dezenas de pessoas que trabalhavam fervorosamente no transplante de estoque (eufemismo, para não dizer roubo) estavam a mil. A rodovia é de asfalto, mas o tumulto de gente ao redor era tanto, que a poeira impedia as pessoas de ver umas as outras e a própria carga.
Alguns minutos depois do início do transplante de estoque (eufemismo), chegou a polícia e a algazarra em fim diminuiu aos poucos, até acabar. Ninguém mais podia tirar nada! Quanta revolta deu naquela comunidade.  Mal eles podiam comprar chinelos, vira uma carrada(como chama o bom interiorano) de sapatos e eles são impedidos de pegar.
Seja por ironia do destino ou não, nessa mesma comunidade estavam sendo realizadas obras para colocar paralelepípedos nas ruas, do qual esse conjunto de pedras prismáticas reunidas recebem o nome popular de calçamento.
No dia 7 de setembro a comunidade amanheceu literalmente calçada. Durante toda a madrugada os últimos esperançosos de conseguir pegar algo foram ao local, e de manhã, não havia uma casa se quer da comunidade que não tivesse uma caixa azul, com um sapato de marca dentro. Não se falava de outra coisa na comunidade. Quem não conseguiu ir pegar no local, os vizinhos faziam o favor de dar 3 pares para cada membro da família. Nas calçadas havia , venda, doação, trocas inusitadas, e negociações de todas as formas. Não era difícil se ver uma pessoa trocando um par de sapatos por um Kg de carne, ou por qualquer outra coisa útil.
No decorrer do dia o mercado esquentou, e da mesma forma como ocorre com as ações nas bolsas de valores, a grande procura, inclusive de comunidade vizinhas, fez o preço dos sapatos aumentar potencialmente. Até os grandes donos de lojas das comunidades vizinhas foram ao local comprar lotes inteiros, por preços medíocres, para vender, sem nota fiscal, claro. Na noite do ocorrido o preço era vintão! na manhã, cedinho, foi 25, ao se aproximar meio dia era 40, à tarde foi 50 e ao anoitecer com 150 reais você comprava um bom par de tênis. Ouvi um carinha falar:
-Nunca mais compro havaianas na minha vida. Agora só vou usar tênis. Nunca comprei nenhum par pra mim, agora tenho 12, um de cada modelo.
Quando o amigo passou na rua ele gritou:
-Se liga nos meu calçante!
e apontou para o par de tênis que estava nos pés dele e devia valer uns 300 reais.
Talvez os donos dessas marcas de sapato não saibam, mas em um dia, injetaram na comunidade dinheiro o suficiente para muitos pagarem suas dívidas, e ajudaram muitas famílias carentes a comprarem o alimento diário, e até mensal, e melhor ainda, evitaram, não sei por quantos anos, o aparecimento de dores na coluna de toda uma comunidade. Encerrando com uma frase que minha mãe costuma falar: Não há um mal que não traga um bem.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Tumblr'es





Recentemente uma onda avassaladora de Tumblr's está invadindo a internet. A facilidade, portabilidade, e capacidade de se expressar livremente está atraindo cada vez mais pessoas. Mas, o que isso quer dizer, realmente?
Que inúmeros adolescentes possuem alma, e que eles se expressam e escrevem coisas, que, apesar de não serem metricamente perfeitas, são bonitas, tocam o coração do leitor e muito bem obrigado. Recentemente passei a ler alguns, e como um post leva a outro, que leva a outro, acabei lendo muitos deles. Achei coisas realmente bonitas, bem escritas, muitas vezes reflexo do sonho adolescente que cultivamos dentro de nós, mas que nos  passam algo. Eles imprimem em uma página de internet, o sentimento que antes, as pessoas guardavam pra elas. E esse é o segredo do escritor, por mais medíocre que seja: externalizar o que não cabe dentro dele.
O ponto chave dessa popularização dos Tumblr's é que os jovens de hoje estão provando para os mais velhos que podem sim, produzir algo que traduza em letras nossos sentimentos atuais, e que mostre ao mundo que temos cultura, um bom vocabulário e que não nos resumimos apenas a Justin Bieber, Reestart e Coca-cola.Tudo de uma maneira diferente de 50 anos atrás, claro, mas da nossa forma. Nossos referenciais mudaram, e hoje, em plena época globalizada, de valorização de imagem, uma tribo de pessoas [ bem grande por sinal] está provando que agora o intelecto passará a valer mais do que apenas a imagem.
Emfim, esses são os bons e demorados frutos da internet. Também não vá pensando em achar coisas alucinantes em qualquer link. Claro que não. Existem milhões deles que apenas mostram o que estamos acostumados a ver todos os dias. Mas há alguns, e são esses que estão mudando a concepção de geração T [que testemunha tudo, mas não consegue opinar sobre nada] e que vale a pena ler. São demonstrações singelas, muitas vezes, de sentimento comuns a todos nós, mas que da forma que estão arranjados, com uma imagem, com um texto, nos tocam, de forma sutil, mas tocam.  Fiz uma pequena lista com alguns que vejo cotidianamente, e que acho bem interessantes. Cada um tem sua peculiaridade. Saibam ser leitores. Apreciem com novos olhos, essa nova literatura globalizada, e saibam entender. Me digam se gostaram.

Poeta exagerado : Cazuza
Minha visão de mundo : Relatos pessoais
Bruna Freire : Relatos pessoais
Camila Marques : Relatos pessoais

terça-feira, 23 de agosto de 2011

sábado, 9 de julho de 2011

PARTE 3 - FIM



Que tonta que havia sido Linda! Já andara tantas vezes de carro e justo naquele dia, não conseguiu ao menos fazê-lo funcionar! Pensava ela, decepcionada.
Que tonto que havia sido Eric! Escrever um poema idiota, esquecer no livro de uma desconhecida, permitir se apaixonar por ela, gastar todas as economias com combustível e sequer a vê-la. Repetia ele pra si mesmo em voz baixa.
Foi quando aconteceu. Eric  já nas proximidades da universidade, decepcionado e cabisbaixo vinha na sua barulhenta vespa, e Linda ia dobrando na justa esquina, a caminho de casa. Ele passou bem ao lado dela, e ela o reconheceu. Foi o suficiente para Linda ter um acesso de adrenalina, e sentir o sangue pulsando muito mais forte no seu corpo. Gritou. Gritou mais forte.
Aquele barulho infernal da vespa de Eric jamais o deixaria escutar aqueles gritos. Linda quis correr desesperadamente atrás dele, e tentou. Mas o salto não permitiu tamanho esforço, e tirou os sapatos e jogou-os para algum lugar bem longe dali.  Linda Desesperada sem saber o que fazer, acenou para qualquer carro que vinha, e um táxi parou. Segue aquilo ali ó, apontou para o troço azul e barulhento que já estava a muitos metros de distância. O que ela mais queria era Eric. O seu escritor, e o cara que a fizera parecer uma louca em poucas horas.
Eric, extremamente triste continuava naquele misto de tristeza, luzes e vento com a maior intensidade possível. Ele queria apenas chegar em casa e se trancar, não olhar mais para ninguém, muito menos para Linda, sua fiel leitora sobre a qual ele pouco sabia, mas que havia mexido com ele e talvez o tornado louco em poucos horas. Ele ia questionando-se sobre sua lucidez.
Chegou no prédio, jogou a vespa azul na garagem, balbuciou alguma coisa como "imprestável" para a pobre motocicleta.
Linda, frenética, jogou o que achou de dinheiro em sua bolsa no taxista, que assustado abriu a porta. Nos segundos que se seguiram, Linda, descalça correu descontroladamente. Chegou a garagem e nada, ele não estava mais lá. Correu para o elevador, que estava ocupado no 10º andar, e bateu o pé descalço no chão desesperadamente enquanto ele descia até o térreo.
Eric, tentou abrir a porta com as chaves que tinha na mão: 1º tentativa... Nada! 2º tentativa... Nada! A terceira por fim, girou de vez a fechadura e abriu a porta.
Se houvesse alguém vendo as imagens da câmera do elevador no momento em que linda subia, certamente duvidaria da lucidez da garota. Esta se olhava de todas as formas nos espelhos, passava a mão no cabelo, olhava com cara de dor para o teto, e por fim, este chegou ao destino.

Entre o momento em que Eric girou e viu que vinha vindo alguém no elevador devido o números estarem piscando, e a porta do mesmo se abrir, foram segundos que duraram uma eternidade.
Quando a porta finalmente se abriu, o coração de Eric disparou descontroladamente, seus olhos arregalaram-se e suas pupilas dilataram-se. Linda, sentiu uma corrente elétrica percorrer seu corpo, e o excesso de adrenalina lançado no seu corpo a fez correr em direção a Eric.
Na meia luz daquele corredor do prédio, dois vultos correram, chocaram-se com todo fervor, e durante muitos minutos que se seguiram beijos, beijos, cabelos desgranhados, camisas amassadas, beijos, abraços, troca de olhares, e mais amasso preencheram aquele ambiente que antes parecia extremamente inanimado, mas que agora parecia ser preenchido por uma corrente elétrica extremamente cheia de vida...


- Mas e ai vô!, a vó Linda é boa no amasso?
Perguntou Pedro, de 16 anos, neto de Eric, em uma roda de jovens que estavam parados a vários minutos ouvindo a história do velhote.
Eric, com lágrimas nos olhos, emocionado com as memórias que acabara de relembrar respondeu:
- Se é!

Fim.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

PARTE 2 -




Em algum horário do dia seguinte Eric procurou desesperadamente seu fútil, porém valioso poema "sem dona".
Já Linda, passara o dia inteiro evitando pensar naquilo, aquele pensamento... E... Er... Eric, era o nome dele, né?
 Eric forçou mais um pouquinho o cérebro, e lembrou onde estava o sumido poema. Desespero, gritos, pavor em frente ao espelho e cabelos assanhados. Sairia correndo? Não, os vizinhos eram pessoas, e pessoas adoram tachar as outras de loucas, principalmente quando essas outras pessoas ajudam um pouco. Como ele olharia para Linda, caso eles se encontrassem na fila do refeitório, na biblioteca, ou tropeçasse nela de novo?
Vento, velocidade, e luzes. Essa era a sensação que Eric sentia em sua vespa, ao ir com toda a velocidade possível para a casa de Linda, que ele nem sonhara onde era. Pobre Eric, mal percebera ele, que todo esse desespero havia uma causa, e que as mesmas malditas substâncias que haviam sido ativadas em linda, agora surtiam o mesmo efeito nele.
Linda, que evitara pensar o dia inteiro "naquilo", agora, que anoitecera pensava, vezes e mais vezes no acontecido do dia anterior, no seu acesso de loucura com Eric, e claro, como faria para devolver e agradecê-lo pelo poema. Quase como um instinto vestiu a roupa, olhou-se no espelho, e saiu às pressas. Ela teria de ir na casa dele agora, mesmo que não soubesse onde.
Enquanto Eric forçava cada vez mais o motor de sua vespa azul, mais desesperado ficava, e maior o barulho de latas de refrigerante girando em uma máquina de lavar era emitido. Como acharia Linda, em uma cidade tão grande? Num átimo de segundo, enquanto passava em frente a universidade teve a certeza de que em minutos estaria com o endereço em mãos.
Nesse mesmo instante Linda chegou agitadíssima ao ponto de ônibus. Seu carro não pegara, e ansiosa, tá bom, tá bom! Nervosa como estava, era capaz de ser presa por atropelamento em massa antes mesmo de chegar a qualquer lugar. Ela, mais maquiavélica e provando que possuía um Q.I 2 pontos acima do de Eric, passara o dia bolando o plano escondida dela mesma, e sabia que a universidade era uma fonte segura de dados para conseguir o endereço de Eric.
Eric, que agora já tinha amadurecido a ideia de que estava sentindo alguma coisa por Linda, parou seu barulhento transporte nas portas do fundo da universidade e correu em direção a secretaria. Conversa. Conversa. Explicações. Perguntas. Tic Tac, Tic Tac, Enfim a secretária entrega uma pasta em sua mão, e decepção. Linda morava do outro lado da cidade, ele teria que encher no mínimo 4 vezes o tanque da agitada e pouco econômica vespa dele. Mas o moral e sua reputação estavam e jogo. O que pensaria ela, lendo uma idiotice melodramática que parecia ter sido escrita por um pré adolescente?
Linda que agora era espremida e sentia uma leve falta de ar no ônibus lotado, rezava fervorosamente para que o ônibus chegasse ao seu destino: Uma esquina a 2 quadras da universidade.

Linda não conseguiu ver, e Eric jamais imaginara, mas estiveram a poucos metros, quando Eric indo pra casa de Linda parou em um congestionamento, e o ônibus de Linda a caminho da universidade parou justamente ao seu lado em uma via de sentido duplo.

Toc Toc! ... minutos se passaram. Toc Toc! mais alguns minutos. Ninguém atendeu Eric na casa de Linda. Foi quando uma das maiores frustrações da sua vida o pegaram. Tanto esforço... Era um louco mesmo... Assumia, assumia! batia de leve na parede do apartamento de linda... estava apaixonado por ela, e não havia mais o que fazer!
Cabisbaixo desceu até a portaria do prédio e perguntou qualquer informação sobre a garota que o havia deixado louco em poucas horas. A única informação que teve foi que ela não estava em casa, e que não tinha o costume de sair nesse horário. Pronto! Tinha outro! Claro que tinha! Fora a um encontro romântico com um cara mil vezes mais bonito que ele, era o que ele merecia por ser tão idiota, e fazer poemas idiotas! Pedalou o troço azul e barulhento, e seguiu para casa.

Linda que passara horas em um congestionamento, agora, depois de andar as duas malditas quadras, chegara a universidade. Porém, demorara demais, e o horário letivo já havia se encerrado.
Lágrimas, pequenos pulinhos entre um pé e outro e gritinhos histericamente controlados foram as coisas que presenciaram quem passou por ali naquele instante.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

PARTE 1 -


 Foi em um dia daqueles que dá tudo errado que Eric já levantou-se atrasado para ir a universidade. Era quase corriqueiro o sono debruçar-se sobre ele alguns minutos após o despertador soar, mas ele ainda não se acostumara com essa ideia. No caminho para a universidade foi transformando tudo em poema, tudo era notável, e tudo daria um bom conto. Fones nos ouvidos, e músicas leves para começar o dia.
Como o sol estava forte e suas pupilas ainda não haviam se acostumado com a recente iluminação, usava uma das mãos para proteger-se minimamente dos raios. E foi nesse momento, entre uma travessia de rua e a sua subida na calçada que Eric, aturdido pelo sol e com uma mão a sua frente tropeçou em uma garota que abaixara-se para fazer algum reparo no salto. Pronto. Tropeço, corrida, falta de equilíbrio, olhos fechados, chão, livros espalhados e uma pessoa ofegante no chão. O barulho citadino ajudava a dar uma trilha sonora para aquela cena.
Essa é só mais uma. Pensou ele. O céu azul acima de sua cabeça o dava uma sensação de paz. Paz essa que foi interrompida com uma enorme quantidade de perguntas vindas dos curiosos que juntaram-se ao seu redor. Quando bem achou que poderia ir embora, lá vinha uma garota, o apontando com um dedo e com os cabelos levemente desgrenhados. Ela era morena, estatura mediana, cabelos curtos, vestida elegantemente e com as bochechas tão vermelhas, que o formato do seu rosto assemelhava-se ainda mais com um coração. Ele pressupôs que a vermelhidão dela era de raiva, e estava certo. A garota lhe jogou um jato daqueles de palavras, e os períodos formados por elas se alternavam entre lições de moral e vontade de manda-lo para o hospício. Enquanto ela o inundava com palavras, ele apenas a olhou admirando sua beleza. Silenciosamente ele andou alguns passos atrás, abaixou-se e pegou os livros da garota que estavam no chão e a entregou, sorrindo. Ela, nocauteada com a gentileza de Eric, apenas se calou e recebeu os livros boquiaberta. Sem tempo para apresentações e beijinhos no rosto, despediram-se e continuaram as suas trajetórias.
Quando Eric sentou na cadeira, abriu um de seus livros logo percebeu algo estranho. Coraçõezinhos, adesivos rosa pink, e a frase escrita com canetas coloridas: Este livro pertence a Linda S.
Mais abaixo uma foto que não o deixou enganar, era a garota brava com quem havia "esbarrado" mais cedo. E ela estudava na mesma universidade que ele, e cursava o mesmo curso, porém ela já no segundo semestre e ele ainda no primeiro. Pensando como destrocaria os livros e como teria coragem de olhar de novo para aquela maluca escabelada e com vontade de tirar os rins dele, a saída mais viável foi deixar o livro com o professor, que pediria o dele em troca, e estava tudo certo.
Durante a Aula desse dia, Eric rabiscou alguns poemas, iniciou alguns contos, riscou seu nome de diversas formas, mas apenas um poeminha ele considerou proveitoso e o destacou de maneira tortuosa de uma folha de papel. Guardou-o e ao fim da aula, conversou com o professor, explicou o incidente e o professor levou o livro para Linda.
Livros destrocados, no dia seguinte Linda abriu o livro e foi conferir se nada havia de errado com ele, e começou a folhear, e... rapidamente um papelzinho branco passou. Percebendo, Linda voltou mais devagar e pegou-o. Era o bendito poeminha que Eric havia escrito na aula. 4 frases, poucas palavras, tudo muito econômico, inclusive a qualidade. Mas quando Linda leu aquele humilde e romantiquinho poema, algo aconteceu com ela: Coração acelerou, sangue pulsou na nuca, artérias dilataram e retraíram em um instante, dopamina, feniletilamina e ocitocina(substâncias responsáveis pela paixão) foram rapidamente ativadas. Linda não sabia, mas inconscientemente já estava apaixonada. 

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Enfim, um indivíduo de idéias abertas



A coceira no ouvido atormentava. Pegou o molho de chaves, enfiou a mais fininha na cavidade. Coçou de leve o pavilhão, depois afundou no orifício encerado. E rodou, virou a pontinha da chave em beatitude, à procura dequele ponto exato em que cessaria a coceira.
Até que, traque, ouviu o leve estalo e, a chave enfim no seu encaixe, percebeu que a cabeça lentamente se abria.


COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgado. Rio de Janeiro: Rocco, 1986, p. 11.

domingo, 17 de abril de 2011

... tudo que você queria

Se metade das palavras pensadas fossem ditas, o mundo que você vive hoje, seria outro. Sabe quando a unica coisa que você quer é reunir toda a platéia, todas as câmeras, e subir em um pedestal e falar tudo, toda a verdade, expulsa-la de você, porque isso já se tornou uma necessidade, e dizer fuck you [em inglês para ter mais estilo] e bye, vou virar hippie. [depois você irá twittar isso!]
Seus conceitos mudaram, a vida mudou, as pessoas agem, e você tem que estar preparado para receber os golpes que sobram da briga interna delas, e preparado para se defender do seus próprios golpes internos, que hoje pulsam mais do que um dia já pulsaram. Ora bolas, hoje eu mal consegui fazer a digestão dos meus pensamentos, tenho que fazer dos seus também?
A melhor das hipóteses de finais de narrativas amorosas que acontecem com você, é a maior desgraça para alguém acostumado a sentir essas coisas. E você, vê tudo com óculos escuros [estilosos], ri e se diverte da própria comédia. Nem todos sabe usar esse tipo de combustível para mover esse tipo de máquina... mas relaxe, você consegue.
Suas metas são longe, não te compreendem. Prefira acreditar que você aprendeu um novo idioma, é mais confortável.  E a vida é isso meu bem. Altos e baixos, conceitos e estereótipos. Máscaras, muitas máscaras! O mundo é feito delas, e elas o dominam! [você, ou o mundo?]. Ao nascer, já lhe colocaram uma: te nomearam. Ao ser pensado, você já tinha várias: cromossomos... malditos cromossomos.
A depois de tudo isso, você vai se abater com apenas mais um tiro? haha, relaxe aê parcêro! Solte uma gargalhada, sinta-se bem consigo mesmo... você é forte, e eu sei que você sabe disso. Vá no supermercado mais próximo, procure aquela prateleira la no fundo, e busque o produto: estímulo enlatado. Olhe a validade, e o período máximo de conservação na geladeira... [você não pode correr o risco] e compre um estoque bem volumoso. Pronto, feito isso, esconda no local mais intocável de sua casa. Ninguém pode descobrir o seu segredo, não é mesmo? Coloque seus óculos e enfim, vá viver sua vida.

domingo, 3 de abril de 2011

Primeira música no carro a gente nunca esquece

Trocadilho barato, mas que expressa fielmente essas coisas, há. Nas ultimas semanas com todas as minhas atividades e com meu tempo muito, muito corrido, decidi que iria andar de carro. Claro que sim, ora bolas, eu também tenho o direito de curtir alguns Km de vida, digo... alguns segundos de vida.
Em um dia de domingo, mais ou menos as 9 da manhã, bateu aquele estalo e eu decidi pegar o carro e dar umas voltas. Fora toda a emoção das milhares de estancadas, e uma saída da garagem digna de filme [não queira saber o porquê ], lá estava eu guiando aquele veículo e fazendo 4 coisas ao mesmo tempo [pra quem disse que homens não conseguem fazer duas... ao dirigir fazemos 4 no mínimo] foi então que me deu a idéia de ligar o som... maldita idéia. Ao apertar o botão 'ON' do som, em questão de segundos, toda a minha paz e a minha traquilidade foram embora...batidas, muitas batidas, chiados, chiados, chiados mais uma vez... e assim se fez o som de swingueira elétrica [nada contra]. Há há há. Deveria ser elétrica mesmo, pelo barulho que fizeram os altos-falantes, deu até pra sentir alguns elétrons percorrendo minha alma[mentira].
No dia seguinte, planejei minha mais maléfica vingança contra aquele maldito som... abri o Nero, coloquei pra gravar um cd de mp3, confesso que perdi horas escolhendo a ordem das músicas por estilo, gosto, sincronia, blê blê blê, blá blá blá... soltei minha risada maléfica e planejei a hora.
Tudo pronto, foi então que aconteceu, às 9 da manhã do domingo [... nesse mesmo programa e nesse mesmo horário...] entrei no carro e antes que o som pudesse dar qualquer sinal de vida própria, abri-o e tasquei-lhe o cd. Foram dois minutos de paz, quando ouvi de longe, Jason Mraz e toda aquela descontração tocarem nos graves do som... passado o êxtase inicial, sai [depois da estancadas, claro] e durante todo o percurso fiquei imaginando o que eu faria para andar ainda mais só pra ouvir minhas músicas... acho que eu seria capaz de secar o tanque, só pra ouvir toda a tracklist [super elaborada] do meu cd.
Ao terminar minha andarola, claro que tirei o cd de dentro... jamais daria a mínima oportunidade ao som  dele engolir e digerir diliciosamente o meu tão elaborado cd, há há há.



 Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música. 
(Aldous Huxley)

Eu tinha que deixar a minha.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Pressão infinita a nível de pressão atmosférica


Sempre quando imaginei ao longo da minha vida escolar a chegada do meu 3º ano, achava que era uma coisa infinda, que demoraria décadas par chegar, e quando chegasse eu já estaria em um nível de maturidade incomum sabe, como uma espécie de Digimon que digi-evolui quando necessário, eu evoluiria quando chegasse o meu ultimo ano no ensino médio. Fato é que os anos passaram, minha vida mudou, e quando eu pisquei os olhos e pensei em abri-los, aqui já estou, no famigerado 3º ano. E o mais chocante é saber que apesar de ter mudado muita coisa dentro de mim, a digi-evolução que eu esperava ter passado, não foi bem a digi-evolução que eu tive. 
Aliás, eu tive toda a evolução que eu achei que teria, a diferença é que ela não veio da forma que eu imaginei. Ao longo dos anos eu fui realmente criando consciência, eu cresci, eu me tornei grande por dentro e por fora... mas quando você é um pivetinho e está cursando o 6º ano e vê aquelas pessoas que estão fazendo o 3º, e os vê todos grandes, bonitos, adolescentes, fashion's (sim! eles são os maiores do colégio, que usam tudo que é legal, na moda, e que literalmente dominam), e inteligentes, você pensa que toda aquela evolução veio de uma vez só... e quando você chega aonde eles estavam, e da forma que eles estavam... você percebe que mudou gradativamente, que ao longo dos anos você se tornou iguais a eles... na verdade, igual a você sempre foi, com a diferença de que sua vida amorosa  passa a importar menos do que sua vida profissional... nada demais.
Quando você ouviu aquela sua prima que estava alguns anos a sua frente reclamando do ritmo, das atividades, dos professores, e você pensava: nossa, como ela é exagerada! Não se engane... ela não estava reclamando dos pais, professores ou sei lá o que, ela estava reclamando dela própria, o quanto ela poderia ter sido perfeita ao invés de apenas ótima ao longo da vida estudantil. São essas e muitas outras coisas, que decidem cair em cima de você no momento errado e na hora errada... mas que você como todos os outros seres humanos fazem todos os dias, tem conter seus pensamentos, focar o seu objetivo, e apenas disfarçar a vontade instintiva de gritar como louco. Só os loucos sabem, sabe?
A parte positiva é que é apenas um ano, e quando você pensa que será apenas mais um ano(bem aperfeiçoado!) você lidará melhor com seu próprio ser e  talvez passe no vestibular. Mas se você encarar como O ANO DO VESTIBULAR e colocar mais minhocas nessa sua mente de trapo, pare, repense, e pense positivo... se não, você não passará no vestibular por que foi para o hospício. rs.
Mas no fim, tudo terminará bem (com fé em Santo Deus!) e você não será mais um estudante qualquer, será um UNIVERSITÁRIO. 
Agora, eu tenho que ir fazer meus exercícios e pensar muito positivo, por que eu sou capaz! [tenho que repetir isso até entrar no meu cérebro!] 

fui, e depois voltarei com mais anedotas. 

sábado, 22 de janeiro de 2011

E agora José?

Passei as férias inteiras evitando pensar quando este dia chegasse... o penúltimo dia de férias, do qual teria eu(minha humilde pessoa) em seguir um dos prováveis caminhos cibernéticos de meu pensamento: Continuar postando no Blog, ou Parar no período de aulas?
É tão triste quando você se apega a alguma coisa e sabe que o caminho mais viável é abandona-la, porém não será o mais prazeroso... o Blog é uma destas coisas. 
Diante de um 3º ano e um vestibular monstruoso pela frente, "matar o tempo" com meu Blog pode ser muitas vezes uma perca de tempo, mas muitas vezes é a válvula de escape que muitos não a tem.
E ai, o que faço eu?
Depois de pensar e pensar, eu decidi que iria continuar postando sim! Afinal minhas idéias aqui postadas são minhas palavras diante do mundo, e gosto muito deste espaço aberto e livre para me expressar... Por mais que eu poste apenas uma vez por semana, ou quem sabe por mês, espero que entendam a minha difícil posição e espero de vez em quando encontrá-los aqui e saber que estão por aqui também!
Como já disse, levarei até onde der... e continuarei firme e forte na minha posição de babaca/escritor/louco. 



Muito obrigado a todos que gostam daqui, e espero que os clientes virem fregueses... haha
Fuui, e fiquem tranqüilos... já tenho outros posts (loucuras) em mente, e logo estarão  figurando por aqui! 

sábado, 15 de janeiro de 2011

Histórias de amor duram apenas 90 minutos;

O título do post sugere um texto romântico e engraçadinho, mas o assunto aqui é outro, e ele se resume em duas palavras: Cinema Brasileiro.


"Um pintor que não pinta quadros, não é pintor, já um escritor que não escreve é um completo babaca."
Citação do Zeca, no filme: Histórias de amor duram apenas 90 minutos.

 Quando se fala em cinema brasileiro, o dito popular em geral fala: Só tem palavrão e sexo! E quando eu fui assistir ao filme quem tem o mesmo título do post, realmente, esses dois elementos foram os TT's do "Twitter" do filme. Logo a primeira cena já era uma de sexo, e foi a primeira realmente de muitas que se seguiram.
É um filme com narrador em primeira pessoa, bem intimista, do qual ele(Zeca) narra a sua breve história, e que história. Zeca é um escritor de 30 anos, casado, e frustrado com a sua profissão, pois apesar de ser talentoso nunca conseguiu passar da página 50 de um romance que começou à tempos. Um dia chega em casa e se depara com a porta trancada, e ao espiar por uma entrada de ar, vê sua mulher em atos ambíguos com outra mulher, e para o choque dele, descobre que sua mulher está o traindo, e com outra pessoa do mesmo sexo dela. O desenrolar do filme é todo baseado nesta descoberta,  e no fato dele não conseguir produzir o final do seu livro.
Sobre o filme em geral, achei-o interessante... mesmo achando que não foi realmente o melhor filme brasileiro que eu já assisiti. As cenas são bem feitas, a edição é supimpa, e os atores dão show. Algumas vezes até achava os devaneios do Zeca parecidos com os meus(sabendo claro, que era isso que o diretor queria ao fazer um narrador em 1° pessoa)... mas faltou algo no filme, bem como um final. Me chamem de atrasados o quanto quiserem, mas eu ainda sou adepto do final feliz, ou a um final bem trágico, bem trágico mesmo, daqueles que surgem lágrimas no olhos... mas um filme sem final... pra mim é mesmo que comer um trufa sem recheio, e este foi um... realmente algo decepcionante. Eu passei 90 minutos (só dura 90 minutos realmente) sentado pra ver a um filme que termina quase da mesma forma que começou? #DROGA
Mas aonde eu quero chegar é na qualidade do filme, no teor dele... Será que o cinema brasileiro só consegue fazer filmes adultos, com mais palavrões do que verbos, e cheio de cenas de sexo? (Salvo algumas excessões,claro!) Mesmo achando as cenas bonitas, tenho que confessar que é um golpe baixo para manter os telespectadores, principalmente nós homens, sempre atentos.
Quando é que eu vou alugar ou ir a um cinema ver um filme brasileiro e me deparar com uma comédia romântica alá A proposta? Será que eles tem medo de ousar em lançar algo com um teor adulto, mas não tão descarado?
O cinema brasileiro possui uma prosa, uma poesia, uma coisa realmente de dar inveja! Basta observar que quando vemos um filme sabemos logo que ele tem muito mais conteúdo do que é mostrado... e nós, ainda não aproveitamos essa imensa riqueza cultural... Que país é este?
Outro problema do nosso cinema, é que querendo ou não estamos atrasados alguns anos dos principais produtores de filmes do mundo... e se lá, ainda acontecem coisas do tipo: Drama vende mais, Sexo dá audiência, e atores bonitos são mais cotados... imagine do lado de cá do Atlântico.
Vou terminar esse post que nem uma dissertação... Com a esperança de que o cinema brasileiro melhore cada vez mais sua qualidade... e que 2011 seja repleto de filmes nacionais realmente BONS!
Pra quem quiser ficar atento nos lançamentos nacionais, basta clicar aqui para ver alguns.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Kid Abelha, mensões honrosas e detalhes;

Este já é o 5° ano que o governo do Ceará realiza o projeto Férias no Ceará, do qual disponibiliza show's de artistas e bandas brasileiros de graça, pra quem quiser, e em várias cidades do estado. E mesmo achando que não passa de um método para praticar a política do pão e circo para jovens, ainda acho o projeto interessante, pois disponibiliza um pouco de cultura para os que não podem ou nunca tiveram a chance de ir a um show de grandes nomes da música brasileira. Aqui está a lista de show's e datas para quem quiser ficar antenado, e entender mais o post.
Este ano a atração em Limoeiro do Norte foi a banda Kid Abelha, todo mundo conhece, é famosa e tal, mas rolou a dúvida se a banda estaria ainda tão boa quanto era. Logo soubemos que eles estavam "Na garagem" a cerca de 3 anos, e justo nesta Tour eles estariam voltando a ativa. Legal, pensei, eles estarão empolgados!
No dia do show (06/01/2011), já estava tudo combinado sobre a ida, e a vinda ao local e talz, e já sabiamos também que uma banda cearense(Locomotiva)  abriria o show, outro ponto positivo para o projeto por divulgar bandas que estão começando agora. Chegamos ao local cedo, e acompanhamos a passgem de som... e ficamos naquela ansiedade pré-show, do tipo: Será que eles vão cantar os antigos sucessos? Será que eles são tão bons ainda? Será que eles são pelomenos simpáticos? E será que irão cantar músicas novas? Eu sei todas as músicas (muito boas por sinal) da banda e sei que elas marcaram uma penca de gerações antecessoras a minha, mas tinha um certo receio de que a banda não agradaria o público.
Locomotiva começou o show e o repertório foi notório, cantaram desde clássicos do Rock and Roll' até uma versão de I Gotta Felling rockeira, quando acabaram, em questão de minutos (que pareceram horas) Kid Abelha dominou o palco e nesse momento eu soube que eles tinham muito nome, mas que honravam ele, e eram até melhores.
Quando o narrador (acho que é esse o nome que se dá àquelas pessoas que chamam a banda) anunciou a banda, aquela coisa loira
(Paula) entrou correndo , a luzes acenderam-se e lá estava eles, da mesma forma que sempre estiveram, afinadissimos, da mesma forma que estavam no DVD acústico de dez anos atrás, sem nenhum traço do tempo e cantando a música que mais gosto: Nada sei. 
A platéia foi a loucura e correspondeu a empolgação da entrada, logo os notei assutados, e surpresos... Eles não imaginavam que tanta gente, no interior do Ceará gostavam deles... e isso a Paula deixou claro quando disse : " Eu não esperava encontra-los assim!".
No decorrer do show, o profissionalismo e a experiência tomou de conta deles, se soltaram e provaram que fizeram o dever de casa logo na entrada, quando ela disse que naquele local só tinham príncipes e princesas (Homenageando a cidade que é tida como a "princesinha do vale").
O àpice foi quando ela cantou uma "canção de roda" conhecida como o "hino" da cidade, com direito a acompanhamento no violão e uma pose à anos 70... e depois ainda soltou: "Vocês são limão mas são bem docinhos!" (A cidade é Limoeiro do norte, rs)
A platéia tava muito empolgada realmente, e cada música era um coro coletivo. A  Paula  estava fantástica, interpretando as músicas, gesticulando, fazendo poses, dançando, tudo daquele jeito dela, meio serio meio brincalhão. O repertório do show contou claro, com grandes sucessos e músicas novas também. Inúmeras vezes ela mencionou a animação do público, que correspondia ainda mais fervorosamente.

O show foi realmente incrível, as músicas foram muito bem escolhidas, e eles estavam ótimos! tanto fisicamente como musicalmente. Diga-se de passagem a Paula que estava muito bem obrigada! Linda, loiríssima, com um corpão e cantando muito como sempre.
No fim do show ela apresentou a banda de férias como ela chamou, despederam-se, com direito até a um tropeço por parte dela (rs), e foram embora, deixando o público lamentando o fim do show. 
Como não poderia faltar, ai esta uma foto dela neste mesmo show, tirada pelo Mairton.

 

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Tudo por vocês!

Sempre destestei muito burocracia. Fico indignado com tudo que é pra funcionar, e não funciona, como orgãos do governo e estabelecimentos. Fico realmente indgnado, e me pergunto se as pessoas responsáveis pelo serviço não veem o problema ou se elas simplismente se acostumaram com aquilo e fingem que não notam.
E se o seu problema envolver dois estados diferentes, separe dois anos de sua vida para ter que conviver com aquilo diariamente. Ultimamente, meu pai adquiriu um novo carro, com a placa de outra cidade, e decidiu transferir a placa para a cidade em que residimos. Seis meses de papéis indo, papéis voltando, milhares de telefonemas e a dúvida se conseguiria-mos ou não, enfim conseguimos e pelomenos no papel, a placa e o carro já pertenciam a nossa cidade.
Problema resolvido? Não, não mesmo! Ainda faltava trocar as tarjetas(malditas!), aquela parte de metal que fica em cima dos números e que contém o nome da cidade. E isso teria que ser feito no DETRAN, observando o detalhe que essas tarjetas (duas, uma para a placa da frente e outra para a traseira) já tinham sido encomendadas 2 meses antes. Agora eu me pergunto, se cada cidade tem o "seu próprio Detran" e se nessas cidades só se coloca a tarjeta com o nome da própria cidade, POR QUE eles não produzem uma grande quantidade para estoque, já que todos os dias tem inúmeros carros para se colocar as tarjetas?
Tiramos então um dia para irmos ao DETRAN e fazer a tão esperada troca. Logo na chegada, paramos no local adequado e NINGUÉM nos atendeu. 20 minutos depois eu dicidi ir atrás de alguém, uma moça jovem, e simpática até me atendeu (acho que ela era estagiária), e depois de alguns minutos procurando o nome de meu pai no caderno que tinha o nome das pessoas que encomendaram tarjetas... NADA! Não tinha o nome dele, e nao tinham sido produzidas.
Depois de irmos no local onde são produzidas as tarjetas e esperar mais 20 minutos para descobrir que elas realmente não tinham sido produzidas, o rapaz pegou umas tarjetas que já estavam produzidas e eram de outra pessoa (que iria se F#der depois, claro!). De volta ao Detran, apenas um funcionário estava fazendo as vistorias, e todos os outros serviços(Colocar as tarjetas!) que era pra no mínimo umas 5 pessoas fazerem, e depois de 1:00 hora, e meu pai reclamando até do vento que batia nele, um senhor teve a caridade de colocar as tarjetas pra gente(Ele não era funcionário, e as tarjetas não poderiam ser colocadas em outro local)
E você acredita que ainda tivemos que voltar pro local onde elas são produzidas para ter que pagar as benditas? e que ainda esperamos mais 10 munutos? No fim de tudo olhei para o relógio de parede que estava no estabelecimento que produzia as malditas tarjetas, ele apontava 11:50, mas o que me chamou mais atenção não foi ter perdido 3:00 horas para fazer uma coisa que se faria em 20 minutos, foi a frase que tinha no relógio:

________ emplacamentos : A 15 anos fazendo o mais rápido e o melhor por vocês!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Publicidade:

Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.


Texto escrito por Clarice Lispector, disponível aqui.