sexta-feira, 26 de abril de 2013

Homem que é homem não compra guarda chuva


Homem que é homem mesmo não compra guarda chuva. Sai na cara braba naquela chuva de 100 milímetros por metro cúbico, corre daqui, corre dali, entra numa loja, num bar (aproveita e toma uma cervejinha) ou passa em um cobertinho qualquer que encontra por aí, mas guarda chuva, não compra não!
Aí chega o inverno com aquelas chuvas torrenciais que decidem cair do nada. Essa época, em especial, é muito complicada para essa parte da população que tem um membro viril cilíndrico e erétil no meio das pernas. É um corre-corre desgraçado, cabelo molhado e camisas/calças ensopadas. O quadro perdura por semanas... Até que um dia em que não está para peixe (quase um oceano se formando de tanta chuva), toda a masculinidade e opinião de anos (um ano, mais precisamente, contando desde a data do inverno anterior) são abaladas e um pedido emergencial do um guarda chuva aparece. 
Aí você já viu... É uma coisa linda! Um bando de marmanjos andando na rua com guarda chuvas róseos, com flores, com estampas afeminadas (quando não com um arco-íris) e com modelos de gueixa feitos de cetim, desfilando num espécie de Rain Fashion Week. Porque homem que é homem, não compra guarda chuva. Mas a esposa compra, a irmã compra, a mãe compra, a avó compra, a namorada compra, a noiva compra e nunca (jamais!!!) elas pensam que um dia aquela pessoa próxima com o cronograma Y ao invés do X irá fazer uso destas geringonças metálicas que insistem em se abir ao contrário por menor que seja o vento que ouse passar.
Entramos na questão da dependência masculina. Li algo de Martha Medeiros esses dias em que ela falava que os homens tem duas mães, quando não três: a mãe propriamente dita, a esposa (namorada, noiva ou qualquer coisa desse tipo) e às vezes ainda tem a avó, a tia ou a irmã para dar uma cuidadinha no moço. E o pior é que é verdade mesmo. Homens são feitos para depender das mulheres nessas coisas específicas, só pode:

- "amor, você comprou shampoo?"
- "você comprou fruta para a minha dieta?"
- "esqueci de tomar o remédio, não brigue comigo, pegue aí!"
- "aonde estão as meias, por Deus?" 
- "aonde você colocou aquelas camisas?"

 Pois bem, no alto da minha masculinidade e da dependência materna, também não comprei um guarda chuva. Fui destes que sempre que precisei, minha mãe tinha uma gurda chuva rosa pink prontinho para mim. Neblina + estalei o dedo = guarda chuva. Simples. Prático.
Sempre dava certo, até quando não queria utilizá-lo. Esperava cinco minutinhos, corria daqui, corria dali, pegava um ônibus ao invés de ir o trajeto a pé, ia de carona, chovia nos horários em que eu não saía, arrumava alguém para dividir um guarda-chuva comigo, entre outras estratégias que só quem não tem guarda chuva (ou tem um guarda chuva rosa pink e não quer usar) entende, mas nunca me molhava por completo.
Até que em uma belo dia de uma neblina rala e um atraso não tão ralo assim, saí de casa para a faculdade. Como naqueles clichês cinematográficos, a cada passo que eu dava mais pingos me fuzilavam. Parecia que tinha uma nuvenzinha diabólica em cima da minha cabeça. Um passo = 1 milímetro mais forte. Dez passos = 10 milímetros mais forte. 
Atenção para a parte de que: o destino foi cuidadoso ao pregar a peça: deixou que apenas na marca dos 100 passos e um quarteirão longe de casa (mesmo a forte chuva me molhando, minha testosterona me fazia resistir bruscamente), a chuva chegasse aos 100 e tantos milímetros. Mas não parou por aí, o único abrigo possível que exista estava a uns cem metros de distância do outro lado da avenida que se encontrava a todo movimento com o sinal verde. Sinceramente, parecia que um balde do tamanho daqueles que existem em parques aquáticos que derramam de meia em maia hora uns 10.000 litros de água por sobre os banhistas tinha decidido se derramar por sobre a minha cabeça.
Resultado? Um alto investimento de doze reais em um guarda chuva PRETO, cromado e reforçado. Guarda chuva de homem mesmo. 
SIM, homem que é homem prevenido compra guarda chuva.

"Mãe, foram muito bons os anos em que utilizei seu guarda chuva florido rosa pink, obrigado, de verdade. Consegui minha independência, comprei meu próprio guarda chuva."

Att: Rodolfo.

3 comentários:

  1. Ri Liiiiiiiitros,serio. principalmente na parte: "Mãe, foram muito bons os anos em que utilizei seu guarda chuva florido rosa pink, obrigado, de verdade. Consegui minha independência, comprei meu próprio guarda chuva."

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  2. rs isso é o extremo da dependência masculina, mas a culpa é nossa, criamos os homens assim, dependentes, e ainda achamos bunitinho. Bravo pelo investimento, Rodolfo! :)

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  3. Hahaha os homens e sua masculinidade protegida embaixo de flores,estampas e ate mesmo arco iris....controvérsias?Sim...na verdade a masculinidade é tao sensível que capaz de ser derretida pelo sol ou escorrer pelos boeiros junto com a chuva torrencial...

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