quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Discurso

Entre as muitas coisas importantes que tem acontecido na minha vida ultimamente, terminar o 3º do ensino médio tem total destaque... e esses dias aconteceu a festa de término de curso em que eu fui o orador da turma. Não sei se consegui passar a emoção que eu queria e se ficou bom o suficiente no momento, mas aqui está o discurso na íntegra para quem quiser, relembrar.





(Fotos de alguns da turma, com o máximo de pessoas possível, pra não restar queixa né Brunno? HUISHUSAHI)

Recentemente, ouvi a frase: “Amigos são aqueles que desafiaram a genética para fazer parte da nossa família”. E foi exatamente isso que aconteceu nessa sala. Todos nós passamos um ano muito difícil e ao mesmo tempo muito bom de viver. As únicas coisas que tínhamos eram incertezas: Incerteza se o ENEM seria difícil, se nós íamos passar, se tudo ia acabar bem, se ainda seriamos amigos após longos anos. Todas essas dúvidas resultaram em uma pressão de tamanho inigualável em cima de nós. Usando a física e pegando a fórmula da pressão (P= F/A), descobrimos que se todos nós nos juntássemos a área pra essa força ser aplicada aumentaria muito e, assim, cada vez a pressão diminuiria. Foi assim que fizemos, nos juntamos, e superamos todos juntos essa fase tão complicada de nossa vidas. Consolamos o choro de alguns, e choramos juntos. Comemoramos a vitória dos nossos amigos, mesmo não tendo um bom desempenho nos simulados, e eles comemoraram a nossa superação. Desafiamos literalmente o tempo e a genética e nos tornamos uma família. Família essa que surgiu na 5º série. Na verdade esse “quebra-cabeça” começou a ser montado na 5º série e ainda está sendo montado. No início eram algumas poucas peças, transparentes e sem forma definida. Com o passar do tempo peças avulsas foram chegando, dando cor e forma a esse quebra cabeça que hoje está ai e juntos formamos esse mais perfeito painel da vida. Nessa montagem existe uma pecinha para cada pessoa que tem parte na nossa história, e muitas peças especiais para cada momento que vivemos.
Existe uma peça que é bem tensa e agitada que cheira a infância, e ela representa o primeiro dia de aula. Existe uma peça que tem a imagem de umas mesinhas, uma pequena sala dividida em grupos, no ginásio, e uma primeira feira de ciências juntos. Existe uma peça barulhenta cheia de pré-adolescentes e representa a sexta série, um dos anos mais engraçados. Nessa mesma peça, tem um canto bem reservado que tem uma disputa enorme entre dois grupos da segunda feira de ciências: Cruzadas [versus] Superstição ou sobrenatural. Existe uma pecinha, muito hilária, que tentou ser o Harry Potter e com a ajuda das amigas voou de cabeça tentando atravessar a porta, né Alana? Tem outra peça, que representa a 7º série, com umas cinco garotinhas dançando em cima do balcão da cantina. Ah, existe uma peça enorme e caótica que representa o 9º ano, uma sala, com mais de 40 alunos, que pouco se importavam se tinha alguma responsabilidade a cumprir. Ainda temos muitas peças desse quebra-cabeça com nossas histórias dos 1º, 2º e 3º do ensino médio. Quem não se lembra das aulas com o mestre Matias? E os interclasses? As provas assombrosas de Ari? E aqueles recreios enormes do nosso 2ºano?
 Só o 3º já preencheria um quadro inteiro de tantos momentos especiais. É impossível lembrar do nosso 3ºano e não vir a cabeça os funks e composições de Roberto, Sabrina e Weydna. O mascote eletrônico da sala: o Nitendo DS de Eudório.  A camaradagem de Túlio e Gyrley. A piadas de Rian. Os ataques de Letícia. A proficiência de Ádilla com o data-show. O falatório de Vanessa.  Bruna Girão de Chapéu e protetor solar na aula para se proteger dos raios maléficos das fluorescentes.  
Com o tempo, mais e mais peças chegaram, e hoje estão todas aqui. Mas, espere. Tem uma peça que sempre foi calada, que grita para outra peça muito agitada: Não DÁ! Não DÁ!
 E agora, nesse momento, está sendo colocada mais uma peça nesse painel: nossa tão esperada festa de término de curso. Vale ressaltar que não é a ultima, pois esse quebra cabeça vai está em construção para o resto de nossas vidas, não importa se as peças continuarão a construir essa história separadamente.
Enfim, chegou a hora de ser gente grande. Simulamos a vida e as imprevisíveis emoções durante muitos anos no colégio. Fizemos uma prova que recebe o nome de ENEM e que possui um subtítulo: Ensaiando para a vida. Agora chegou de verdade a hora de sairmos dos ensaios e começarmos o espetáculo. Esse é um momento impar nas nossas vidas, onde a estrada que caminhamos até agora, finalmente chegou ao final e nesse fim, possuem infinitas possibilidades de novos caminhos. E é por isso que é um momento tão difícil e ao mesmo tempo tão bom de ser vivido. É bom pelas inúmeras possibilidades que podemos seguir daqui pra frente e difícil porque temos que fazer escolhas que podem mudar de forma definitiva nossas vidas...  Nós somos muito novos para fazer escolhas tão definitivas... Embora esse momento exija escolhas e atitudes, nós estamos no período que devemos ‘viver’, e só. No meio de nossa adolescência tivemos que estancar o fluxo de liberdade, nos privar de momentos únicos, estudar como loucos e correr contra o tempo para nos garantir um futuro melhor. Não temos uma experiência contável para as escolhas, e o para sempre, é muito tempo. Quem sabe se eu escolhi ser dentista e quando eu tiver maduro, depois de 20 anos de profissão, eu descubra que o que me faz feliz é ser professor de literatura? E se eu trocar os dentes por Camões? Né Ana Remígio? Nós nunca exercemos essa profissão que escolhemos ser no fim do colegial, como sabemos se é isso que eu quero mesmo para o resto da minha vida? Os sábios dizem que a vida é feita de escolhas. Discordo profundamente deles, eu acho que a vida é feita de experimentação. Só vivendo para saber se aquilo é o que queremos ou não. Por isso, a partir de agora devemos acima de tudo viver. Ensaiamos durante longos anos e não podemos passar por essa efêmera existência de forma sutil e apagada. Só temos uma única vida, uma única chance de realizar todos os sonhos, e de mudarmos o mundo para melhor. Temos que fazer valer a pena. Temos que lutar por nossos objetivos, impor metas nas nossas vidas, e superá-las cada vez mais rápido para superar outras metas que virão. Temos a responsabilidade de, daqui para frente, sermos fatores de mudança para um mundo melhor. Temos que viver ‘sedentos’ por vida. Somos jovens... já dizia Renato Russo que temos todo o tempo do mundo. E isso pode até não ser verdade... Mas temos tempo suficiente para viver a vida que desejamos viver. Podemos mudar o contexto que estamos inseridos, podemos inventar nossos sonhos e torna-los realidade. As dificuldades existem para tornar mais deliciosa a vitória. E acreditem... se não foi agora... Deus guarda coisas especiais para todos nós e em um determinado momento, elas aparecerão.
 Antes do fim, devo meus agradecimentos em nome da turma a todos que fizeram parte da nossa trajetória.  A Deus, em primeiro lugar, que permitiu chegarmos até aqui e tornou realidade nossas ideias  e aos nossos pais que sempre fizeram um esforço enorme, deram tudo de si, se esforçaram tanto quanto a gente para nos colocar em um bom colégio, e nos ver felizes e ,por fim, concludentes.
 Ao longo da nossa vida estudantil nós descobrimos que existem professores comuns, mas existem aqueles que são forças que te impulsionam a ir pra frente, que te dão esperanças, que fazem você enxergar muito além do que pode ver. E são esses que merecem o real título de professor. Muito obrigado a todos vocês que contribuíram com nossa formação e nos ajudaram sempre que precisamos. Não posso deixar de agradecer a nossa coordenadora Milena, que sempre soube com muita perspicácia colocar juízo aonde jamais existiu e a guiar duas turmas de vencedores com muita segurança. E também ao nosso professor de redação Zé Lima, por ter tido tanta paciência conosco, ter nos ensinado tanto, em tão pouco tempo e ter feito a gente rir em momentos tão tensos com suas histórias e a coluna do José Simão: Bueemba, Bueemba, macaco Simão urgente! Zé lima fica tão orgulhoso de alunos que tem uma crise de outdoor intensa! Não posso deixar de mencionar professores como Goretti, que esteve sempre nos colocando nos trilhos. Clériston que infelizmente teve que se ausentar, mas voltou para nos chamar de meus amores.  Aurélia que sempre soube dizer as palavras corretas nos momentos corretos. Washington que sempre teve a coragem de soltar o verbo e mostrar a realidade tal e qual como ela é pra gente. Napoleão, Nildim, Júlio e Hélio que nos fizeram ter uma melhor visão de mundo. Eliane, Fabiano, Marcos e o Rômulo que mesmo nos ensinando por pouco tempo foi o suficiente para aumentar nossa bagagem de conhecimento. Os mestres da física: Júnior, Fábio, Vládson, De Assis, Marcelo e Eliúde que quase fizeram milagre. Os feras da matemática: Adriano, Maurício, Wellington, Lenine e Ari (que bom que você veio). Wallace e Estelina, que nos ajudaram até em outro idioma. Ana Remígio e Nádia que implantaram uma mentalidade de universitários em nós. E um muito obrigado ao Padre Pitombeira, que até este ano lecionou e deu ótimas aulas de espanhol para nós. Muito obrigado, novamente a todos esses citados! Vamos carregar para o resto de nossas vidas os bons exemplos de camaradagens e os ensinamentos que vocês nos passaram. Entramos no colégio como crianças e saímos maduros, com muitos exemplos a seguir.
Portanto, para todos os vencedores que assim como eu chegaram até aqui, boa sorte na vida, que sejamos todos bem sucedidos não importa fazendo o quê!  A partir de agora vamos prometer a nós mesmos que vamos fazer tudo da melhor maneira possível, não importa onde seja ou qual profissão estejamos exercendo. Devemos ser o melhor naquilo que vamos fazer.  E que nós não deixemos ninguém, jamais, tirar a nossa vontade de viver e de realizar nossos sonhos!  Obrigado, vocês fizeram parte de minha vida valer a pena.
Para finalizar, trouxe essa frase:

“Você pode desperdiçar sua vida construindo barreiras e fronteiras, ou então você pode viver ultrapassando-as. Mas há algumas que são perigosas demais para serem cruzadas. E aí vai o que eu sei: se você estiver disposto a se arriscar, a vista do outro lado é espetacular”.

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